Com a colheita da safra verão 2024/25 no seu ápice, o setor monopoliza o transporte, deixa outras colheita em atraso e aumenta o custo do frete em até 40% sobre o ano anterior
Todo ano é assim. No auge da safra, o setor sente os problemas crônicos da falta de infraestrutura logística usada para escoar a produção. A safra recorde no Brasil vem para aumentar ainda os efeitos do problema de transporte e armazenamento brasileiro.
No cenário atual, a colheita de soja tem consumido boa parte dos caminhões, principais meios de transporte do país. Além disso, os ajustes recentes do preço do óleo diesel é outro fator está influenciando diretamente o aumento do custo do transporte.
A safra no Mato Grosso já está com dois terços colhida e o resultado se vê em longas filas com milhares de caminhões nas principais estações do pais, como nas cidades de Rondonópolis (MT) e Itaituba (PA).
As filas fazem com que os caminhões fiquem parados até 48 horas, fazendo com que os caminhoneiros optem por trajetos mais curtos, reduzindo ainda mais a capacidade de transporte. Cerca de 60% das cargas nacionais passam hoje por rodovias.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o Governo Federal deveria trabalhar a questão de infraestrutura e armazenagem para melhorar o ambiente de negócios, como fizeram a China e os EUA, que investiram em hidrovias e ferrovias, que são os melhores modais para transporte de grãos.
Segundo a Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), o reajuste do diesel já impactou entre 30% e 40% o custo do transporte, dependendo da região do país. O problema é agravado pela falta de capacidade de armazenamento, pois no Brasil somente 15% das propriedades tem estrutura para guardar sua safra.
Para efeito de comparação, nos EUA, a capacidade média de armazenamento é 50% superior à produção.