Investimentos logísticos em MS impulsionam agro até 2030

Com a execução eficaz dos investimentos logísticos e projetos em andamento, Mato Grosso do Sul poderá se tornar um dos principais eixos produtivos e de escoamento do agronegócio brasileiro nos próximos 10 a 20 anos. Para a Famasul, este é um momento estratégico de reestruturação. Portanto, isso pode gerar impactos duradouros na competitividade do setor, atrair investimentos e aumentar a geração de emprego e renda no campo.

Concessão da BR-163 e obras estruturantes

A Federação acompanha de perto a concessão da BR-163 à empresa Motiva. O contrato tem duração de 29 anos e prevê R$ 16,6 bilhões em investimentos ao longo dos 847 km da rodovia. O projeto inclui duplicações, faixas adicionais, acostamentos, passarelas, viadutos e áreas de descanso para caminhoneiros. Assim, a modernização da rodovia é essencial para garantir mais fluidez, segurança e eficiência no transporte da produção agropecuária.

Outro projeto importante é a Rota da Celulose. No momento, a obra está suspensa devido a questionamentos da segunda colocada no leilão, a XP Infra Fundo de Investimentos. O Consórcio KG, vencedor do leilão, previa a recuperação e modernização de 870 km de vias estaduais e federais focadas na cadeia florestal. O investimento previsto é de R$ 10 bilhões em 30 anos, incluindo melhorias na BR-262, BR-267 e rodovias estaduais.

Diversificação da matriz logística e hidrovia do Rio Paraguai

Investimentos logísticos em Mato Grosso do Sul são essenciais para melhorar a infraestrutura e impulsionar o agronegócio no estado. Foto: Famasul / Divulgação

A Famasul destaca que enfrentar gargalos logísticos, como baixa integração entre modais, limitações de armazenagem e entraves ambientais em portos, é fundamental para ampliar o protagonismo do estado no agronegócio nacional. Nesse contexto, os investimentos logísticos na diversificação da matriz logística ganham ainda mais importância, com destaque para o modal hidroviário.

A hidrovia do Rio Paraguai, entre Corumbá e Porto Murtinho, está em fase de estudos para concessão. A proposta inclui dragagem, balizamento e sistemas inteligentes de navegação. Essas ações podem ampliar a competitividade do transporte fluvial, que oferece menor custo e menor impacto ambiental em comparação ao modal rodoviário.

Infraestrutura rural e estudos técnicos

A logística rural também recebe atenção por meio de estudos técnicos. Em março, em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log) da USP percorreu cerca de 1.300 km na microrregião de Dourados. Essa área foi selecionada para a elaboração de um mapeamento situacional das estradas vicinais, conforme a Portaria nº 777/2025 do Ministério da Agricultura.

A conclusão da Rota Bioceânica, corredor que conecta Mato Grosso do Sul aos portos do Pacífico, deve potencializar as exportações. O projeto reduz custos e amplia o acesso aos mercados internacionais. Para a Famasul, essa é uma das transformações mais relevantes para o estado, pois posiciona MS de forma estratégica nas cadeias globais de valor, além de estar alinhada aos compromissos ambientais.

No modal aéreo, o Plano Aeroviário Estadual prevê R$ 250 milhões até 2026 para modernizar aeroportos e aeródromos estratégicos. Estão em andamento a ampliação da pista do Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande, e a construção do novo terminal de passageiros do Aeroporto Regional de Dourados. Essas ações ampliam a conexão de MS com mercados nacionais e internacionais, fortalecendo a logística de pessoas e cargas.

Impactos econômicos e potencial de crescimento

A infraestrutura adequada é fator decisivo para a previsibilidade nas entregas, redução de perdas e fortalecimento da imagem de Mato Grosso do Sul como fornecedor confiável. Estudos do IPEA e da FGV indicam que cada R$ 1 bilhão investido em infraestrutura pode gerar até R$ 3,5 bilhões de PIB adicional em dez anos.

Considerando os investimentos logísticos públicos e privados previstos, que superam R$ 13 bilhões até 2030, o impacto econômico direto e indireto pode ultrapassar R$ 30 bilhões somente no agronegócio. Além disso, a integração entre rodovias, ferrovias e hidrovias pode reduzir em até 30% o custo logístico por tonelada transportada. Esse dado reforça a urgência e a importância desses investimentos.

Além disso, a nova malha logística desperta o interesse de empresas dos setores de armazenagem, agroindústria, energia e transporte. Isso evidencia o potencial de atração de novos empreendimentos e o fortalecimento da agroindustrialização.

De modo geral, esses projetos representam um divisor de águas para o agronegócio do estado, pois criam bases para um novo ciclo de crescimento sustentável e competitivo.