Centro-Sul deve moer 598,8 milhões de toneladas de cana na safra 2025/26, com queda no ATR e menor produção de açúcar e etanol
Centro-Sul deve moer 598,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2025/26. Esse volume é 3,7% inferior ao processado na temporada anterior. Segundo relatório da StoneX, a redução ocorre por causa do clima mais seco durante o desenvolvimento da safra. Além disso, as queimadas em 2024 também afetaram a produção.
Além da menor moagem, houve chuvas acima da média histórica em junho. Por isso, os números de acompanhamento diminuíram. Como resultado, a qualidade da matéria-prima caiu 4,8%, medida pelo Açúcar Total Recuperado (ATR), até o fim do primeiro semestre.
De acordo com Rafael Borges, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a perda de um quilo de ATR por tonelada de cana representa quase 300 mil toneladas de açúcar e mais de 170 mil m³ de etanol. “O excesso de chuvas atrasou a colheita em junho. A menor expectativa para o ATR reduz o potencial de produção, mesmo com um mix mais voltado ao açúcar”, afirma.
A produção de açúcar deve se manter praticamente estável, em 40,16 milhões de toneladas. Porém, essa quantidade representa uma leve queda de 40 mil toneladas em relação à safra anterior. A recuperação de açúcar por tonelada de cana deve recuar para 137,2 kg/t (-2,7%). Isso ocorre mesmo com o mix de produção atingindo 51,3%.
Borges destaca que a elevação da mistura de anidro na gasolina, de 27,5% para 30%, prevista para agosto, está redirecionando a produção. Isso contribui para a retração do hidratado.
A produção de açúcar deve atingir 3,63 milhões de toneladas, uma queda de 4,1%. Mesmo com chuvas dentro ou acima da média entre maio e julho, a área colhida será um pouco menor. Isso ocorre por conta das reformas nas lavouras na safra anterior. Por outro lado, o TCH deve se manter estável em 60,9 t/ha.
Apesar da queda no ATR, o ciclo 2025/26 marca o avanço do etanol de milho no Nordeste. Uma usina já opera desde março em Balsas (MA). Outra está prevista para começar até o fim do ano em Luís Eduardo Magalhães (BA). Esta terá capacidade superior a 500 mil m³ por ano. Outros projetos também estão em andamento.
“Essa entrada do etanol de milho pode mitigar os efeitos da menor produção a partir da cana. Principalmente sobre o etanol hidratado, cuja participação no consumo deve cair diante dos preços mais altos e do aumento do anidro na mistura”, explica Borges.