Quem dita a agenda da produção agrícola é o consumidor
Realizado nesta quarta-feira (4), o 4o. Warm Up do Global Agribusiness Forum (GAF) 2022 destacou a jornada de transformação pela qual passam os sistemas alimentares globais, tendo como norte a busca pela segurança alimentar por meio de uma produção cada vez mais sustentável, resiliente às mudanças climáticas e com foco na saúde e nutrição das pessoas. O evento on-line foi mais um dos webinares preparativos da próxima edição do GAF, que acontece dias 24 e 25 de julho em São Paulo (SP).
Participaram John Wilkinson, professor titular do Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP/ONU); e Sérgio Schneider, professor titular do Departamento de Sociologia e membro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A abertura e o encerramento ficaram a cargo do presidente da DATAGRO, Plinio Nastari.
Wilkinson ressaltou que fatores relacionados ao meio ambiente e à saúde passaram a ganhar peso na tomada de decisão de consumo dos alimentos e que os sistemas produtivos estão tendo que cada vez mais se adaptar para atender a estes requisitos. São questões, por exemplo, ligadas à produção orgânica, bem-estar animal, proteínas alternativas, carne cultivada, comércio local, entre outras.
Balaban lembrou que esta reconfiguração da agenda global alimentar precisa ter como prioridade combater o flagelo da fome, que ainda impacta cerca de 811 milhões de pessoas no mundo. "Este cenário ficou ainda mais crítico, devido à pandemia da covid-19 e agora com a guerra no Leste Europeu." Segundo o diretor do Programa de Alimentos da ONU, além da oferta e distribuição, políticas públicas de combate à insegurança alimentar têm que considerar mecanismos que promovam o acesso de populações vulneráveis economicamente à comida. Balaban mencionou a necessidade de aproximadamente US$ 267 bilhões em investimentos para erradicar a fome no mundo até 2030. Schneider, por sua vez, salientou que a humanidade está sim apta a resolver esta questão, com a evolução tecnológica sendo aliada fundamental para o avanço da segurança alimentar mundial.