CNA discute biocombustíveis e papel estratégico do agro
Confederação debate biocombustíveis e papel do agro brasileiro com foco em custos de produção, energia limpa e transformação do setor
Evento da CNA destacou biocombustíveis, custos do agro e novas oportunidades para o setor. Foto: CNA / Divulgação
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, em Brasília, o evento “Benchmark Agro – Custos Agropecuários”. O encontro reuniu especialistas para discutir o papel estratégico dos biocombustíveis e os desafios globais que afetam os custos de produção do agro. Além disso, a atividade marcou o encerramento do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro 2025.
Durante o painel “Biocombustíveis e Agropecuária: A Expansão das Usinas e o Redesenho Regional”, Natália Fernandes, coordenadora do Núcleo de Inteligência Comercial da CNA, conduziu o debate em formato de podcast. Para ela, o tema dos biocombustíveis é cada vez mais relevante para o agro e para a competitividade do Brasil. Segundo Natália, o agro está no centro das discussões globais sobre segurança alimentar, energética e sustentabilidade.
O Brasil, por sua vez, se destaca nesse cenário por produzir a segunda safra e agregar valor às culturas por meio dos biocombustíveis. Além disso, o país precisa se preparar melhor para o mercado externo. A diversidade da produção nacional amplia o potencial de combustíveis originados de matérias-primas do agro, como milho e sorgo. Dessa forma, o produtor deve aprimorar sua gestão de custos e decidir qual cultura plantar e a quem destinar sua produção.
Transformação na produção de etanol em Mato Grosso
O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, apresentou a evolução da produção de etanol de milho no estado. Segundo ele, a “virada de chave” ocorreu em 2017, com a entrada de novas usinas. Desde então, a produção de milho saltou de 28 milhões para 51 milhões de toneladas.
Atualmente, as usinas instaladas em Mato Grosso operam com 11,4 milhões de metros cúbicos de capacidade, o que representa cerca de 60% da capacidade total do Brasil. Por outro lado, o avanço do setor trouxe impactos positivos, como o aumento do consumo de milho segunda safra, contratos a termo e melhora na precificação do produto. Assim, houve maior previsibilidade de receita e valorização da cadeia produtiva.
Bioenergia e desafios globais
O professor Luciano Rodrigues, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), abordou as transformações do setor de bioenergia. De acordo com ele, a política energética passou a priorizar o suprimento sustentável a preços acessíveis. “A demanda por energia cresce rapidamente, e há espaço para substituir carvão, gás e petróleo. Todas as projeções indicam aumento da bioenergia na matriz mundial”, afirmou.
Além disso, Luciano destacou que o setor enfrenta novos desafios. Entre eles estão a competição com outras fontes renováveis, barreiras climáticas, imagem internacional e a consolidação de políticas públicas. No entanto, ele ressaltou que o Brasil tem condições favoráveis para liderar esse processo de transição energética.
O professor Rodrigo Goulart, da USP, destacou que os coprodutos da indústria do etanol de milho têm grande potencial na alimentação animal. Ele citou os Grãos Úmidos de Destilaria (WDG), os Grãos Secos de Destilaria (DDG) e os Grãos com Solúveis (DDGS) como alternativas de alto valor proteico.
Esses coprodutos, segundo ele, podem substituir ingredientes proteicos e energéticos nas dietas de bovinos, tanto no confinamento quanto a pasto. Além disso, reduzem custos, são fáceis de manejar e se adaptam bem a diferentes sistemas de produção. No entanto, Rodrigo reforçou que eles não substituem a fibra, essencial na dieta animal.
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