CNA destaca principais pontos da Reforma Tributária no agro
Reforma Tributária no agro vai exigir adaptação dos produtores a novas regras fiscais e digitais a partir de 2026.
CNA promoveu fórum virtual para esclarecer os principais impactos do novo modelo tributário. Foto: CNA / Divulgação
A Reforma Tributária começará sua fase de transição em janeiro de 2026. Por isso, os produtores rurais precisam se preparar para as mudanças que afetarão diretamente a atividade agropecuária.
Com o objetivo de orientar o setor, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, na quinta-feira (30), o fórum virtual “Reforma Tributária e os impactos aos produtores rurais”. O evento explicou o que muda com o novo modelo e destacou pontos de atenção para a transição.
CNA reforça importância de adaptação do produtor
O fórum foi dividido em três painéis. Eles abordaram as alterações no cadastro de produtores, a substituição da Inscrição Estadual pelo CNPJ alfanumérico e as mudanças nos sistemas de emissão de Nota Fiscal. Além disso, trataram do funcionamento do provedor de assinatura para emissão de Documentos Fiscais.
Na abertura, o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, afirmou que a iniciativa buscou orientar os produtores sobre os principais pontos de atenção. Ele também ressaltou o papel da entidade desde o início das discussões da reforma até sua regulamentação.
“Buscamos uma proposta que não aumentasse a carga tributária e reduzisse a burocracia. Conseguimos avanços importantes, como o desconto de 60% para o setor, a inclusão das carnes na cesta básica e outras medidas que reforçam a essencialidade do agro”, destacou Lucchi.
O auditor fiscal da Secretaria da Fazenda da Bahia, Álvaro Antônio Bahia, participou da abertura e afirmou que o fórum foi uma oportunidade de debate. Segundo ele, o objetivo é fomentar o diálogo para que o setor implemente a reforma de forma eficiente.
Alterações e prazos para adaptação
O coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, conduziu as apresentações. Ele afirmou que o tema é complexo, mas as informações precisam chegar de forma clara aos produtores. “Temos conversado com sindicatos e federações, porque o produtor deve estar atento às ações de curto, médio e longo prazo”, explicou.
No primeiro painel, o diretor da Secretaria de Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG), Renato Deluca, explicou o artigo 59 da Lei Complementar 214/2025. O texto cria a identificação única por CNPJ para pessoas com atividade econômica e encerra a Inscrição Estadual até 31 de dezembro de 2032. “Essa mudança garante aos produtores a condição de pessoa física para todos os efeitos fiscais e tributários”, afirmou.
Ele informou que os produtores que ainda não têm Inscrição Estadual poderão solicitar o CNPJ pelo portal da Redesim (www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/redesim). O prazo de adequação à emissão do Documento Fiscal Eletrônico (DFe) vai até o início da obrigatoriedade do CNPJ, prevista para 1º de janeiro de 2027.
O gerente de Cadastro Tributário da Sefin/Belo Horizonte, Flávio Luiz Andrade, reforçou que o processo está mais simples e totalmente digital. Segundo ele, apesar de o cadastro utilizar CNPJ, o produtor rural continua equiparado a uma pessoa física para fins legais.
Nota Fiscal Fácil e provedor de assinatura
O segundo painel, apresentado por Antônio Godoi, coordenador de Documentos Fiscais da Sefaz Goiás, trouxe detalhes sobre o novo sistema de emissão de notas fiscais. Ele destacou a ferramenta Nota Fiscal Fácil (NFF), criada pelo Fisco para simplificar e formalizar as operações.
Durante a apresentação, Godoi explicou o passo a passo de acesso ao aplicativo e suas funcionalidades. Ele observou que o sistema ainda não está disponível em Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amazonas, Piauí, Ceará, Pernambuco e Alagoas. No entanto, destacou que novas versões incluirão funções como controle de pagamento e emissão vinculada a programas fiscais.
O terceiro painel abordou o Provedor de Assinatura e Autorização (PAA) de documentos fiscais. De acordo com o analista de sistemas do Procergs, Fabio Capela, o modelo busca simplificar a emissão de DFes, reduzir custos e aumentar a conformidade.
O provedor interessado precisará de credenciamento junto ao Confaz/Encat para atuar oficialmente. Além disso, deve garantir segurança no controle de acesso, notificar autoridades sobre suspeitas de mau uso e evitar vazamento de chaves fiscais.
Padronização e próximos passos
Ao encerrar o evento, o auditor fiscal da Sefaz do Rio Grande do Sul, Josué Neves, afirmou que as principais mudanças já estão previstas em lei, como o cadastro via CNPJ e a Nota Fiscal Eletrônica. Caso surjam novas alterações, o grupo trabalhará para implementá-las em tempo hábil, assegurando a adaptação dos produtores.
Por fim, Lhugo Tanak Junior, auditor fiscal da Sefaz do Paraná, destacou que 2026 será um ano de padronização. O foco será harmonizar operações de IBS e CBS com o ICMS, garantindo uniformidade na aplicação da Reforma Tributária em todo o país.




