Agro sustentável pode gerar até R$ 94,8 bi ao PIB até 2030
Estudo da FGV mostra que tecnologias sustentáveis podem impulsionar a economia e reduzir emissões no campo
Uso de tecnologias sustentáveis no agro pode gerar ganhos e reduzir emissões. Foto: Canva
Um estudo do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV), com apoio do Instituto Equilíbrio e da Agni, aponta que o uso de tecnologias sustentáveis no agro pode se tornar um dos motores do crescimento econômico brasileiro nos próximos anos.
Segundo o levantamento “Potencial Econômico das Práticas Sustentáveis na Agricultura e Pecuária”, a adoção de biocombustíveis, bioinsumos, sistema de plantio direto e terminação intensiva de gado pode adicionar até R$ 94,8 bilhões por ano ao PIB até 2030, considerando o PIB de 2024 (R$ 11,7 trilhões).
Impacto econômico e geração de empregos
De acordo com o estudo, os biocombustíveis têm o maior potencial de impacto, com R$ 71,4 bilhões anuais adicionais. Em seguida, vêm os bioinsumos (R$ 15,2 bilhões), o plantio direto (R$ 4,7 bilhões) e a intensificação da terminação bovina (R$ 3,5 bilhões).
“O estudo mostra que uma única tecnologia, como os bioinsumos, pode adicionar até 0,13% ao PIB por ano”, explicou Cícero Lima, pesquisador da FGV.
O CEO do Instituto Equilíbrio, Eduardo Bastos, destacou que as tecnologias sustentáveis geram ganhos econômicos e sociais. “Essa agenda vai além da preservação ambiental. Ela promove produtividade, renda e oportunidades no campo”, afirmou.
O estudo também estima a criação de mais de 700 mil empregos diretos até 2030, principalmente nos setores de bioenergia e produção agrícola eficiente.
Benefícios ambientais e eficiência produtiva
O relatório da FGV mostra que o Sistema de Plantio Direto (SPD) deve crescer de 10,8 para 34,1 milhões de hectares até 2030. Essa expansão pode reduzir 7,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, graças à maior fixação de carbono no solo.
Na soja, a produção pode atingir 197,3 milhões de toneladas, mas o estudo alerta para o aumento nas emissões, reforçando a importância de práticas como o SPD.
O uso de bioinsumos também traz ganhos expressivos. Aplicados em 13 milhões de hectares, podem elevar a produtividade da soja em até 3,4% e da cana-de-açúcar em 1,4%. Essa eficiência reduz a necessidade de novas áreas agrícolas, contribuindo para a proteção de biomas como o Cerrado e a Amazônia.
Na pecuária, o avanço da terminação intensiva deve elevar o número de animais em manejo intensivo de 8 para 13,5 milhões até 2030, reduzindo 19,3 milhões de toneladas de CO₂ nas emissões da atividade.
Setor de bioenergia e políticas públicas
O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2030) prevê a oferta de 63,9 bilhões de litros de biocombustíveis, incluindo etanol de cana, etanol de milho e biodiesel. Essa expansão pode tornar o setor 70% maior e gerar impactos positivos em diversos segmentos da economia.
“O crescimento verde é possível e desejável. Mas, para isso, o Brasil precisa transformar esse potencial em políticas públicas e financiamento que estimulem a adoção dessas tecnologias”, concluiu Eduardo Bastos.




