Instituto aponta juros altos e consumo enfraquecido como fatores que devem limitar o desempenho da economia no ano que vem
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve a projeção de crescimento de 2,4% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025. Para 2026, no entanto, a estimativa foi reduzida de 2% para 1,8%. Os dados fazem parte da nova edição da Visão Geral da Conjuntura, publicada nesta terça-feira (1º), com uma análise completa do cenário macroeconômico do país.
De acordo com o Ipea, a revisão para baixo da projeção de crescimento em 2026 reflete a combinação de juros elevados, cenário internacional incerto e menor capacidade de consumo das famílias. Ainda assim, o mercado de trabalho segue apresentando resiliência, e o aumento do salário mínimo e dos programas sociais tem contribuído para sustentar a atividade econômica no curto prazo.
No setor agropecuário, o desempenho deve continuar forte. A estimativa é de um crescimento de até 8,8% em 2025, com destaque para o impacto positivo do segmento no PIB do primeiro trimestre. Os serviços também devem permanecer como motor da economia, com projeções de alta de 1,9% em 2025 e 1,7% em 2026. A indústria, por sua vez, deve crescer 1,4% em 2025 e 1,6% no ano seguinte.
Segundo o instituto, a indústria de transformação segue mais sensível à política monetária atual, enquanto setores ligados ao mercado externo, como as indústrias extrativas, devem ser menos afetados por fatores internos.
O investimento produtivo (formação bruta de capital fixo) ainda apresenta fraqueza no curto prazo, mas o Ipea prevê expansão de 3,4% em 2025 e 2% em 2026. Já o consumo das famílias deve avançar 2% em cada um dos dois anos. O consumo do governo deve ter crescimento mais modesto: 1,1% neste ano e 1,5% no próximo.
No comércio exterior, as projeções indicam que as importações devem crescer mais que as exportações em 2025. Para o acumulado dos dois anos, as exportações devem subir 3,3% em 2025 e 3,1% em 2026, enquanto as importações devem crescer 5,5% e 3%, respectivamente.
A inflação medida pelo IPCA está em 5,3% nos 12 meses encerrados em maio. Apesar de sinais de desaceleração, os preços dos serviços seguem pressionando o índice. A projeção para 2025 é de 5,2%, enquanto o INPC, indicador que mede o custo de vida das famílias de menor renda, deve encerrar o ano com alta de 4,9%.