Comissão de Agricultura debate soluções para crise financeira que atinge agricultores do estado
O grave endividamento dos produtores rurais de Mato Grosso do Sul será tema de uma audiência pública no próximo dia 1º de julho, em Brasília. O encontro, promovido pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, contará com a participação da diretoria da Aprosoja/MS, lideranças do setor agropecuário, representantes do poder público e produtores do estado.
A audiência foi solicitada pelo deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) e ocorrerá a partir das 14h no plenário 6 da Câmara. Segundo o parlamentar, o cenário atual exige medidas urgentes para preservar a sustentabilidade da atividade no campo. “O endividamento dos produtores rurais em Mato Grosso do Sul é alarmante. A cada dez pedidos de recuperação judicial no Brasil, quatro vêm de MS ou de Mato Grosso”, afirmou, citando dados do Serasa que mostram um crescimento superior a 600% nessas solicitações no estado.
A seca prolongada, as oscilações nos preços agrícolas e o alto custo dos insumos agravaram a situação financeira dos produtores. Para muitos, a capacidade de crédito já foi ultrapassada, tornando a renegociação das dívidas uma necessidade imediata. A expectativa da audiência é apresentar alternativas concretas, como novos modelos de securitização que não apenas posterguem o problema, mas ofereçam condições reais de quitação.
O presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc, destacou que o crescimento do agro brasileiro nas últimas décadas foi sustentado pelos próprios produtores, que enfrentaram crises climáticas, econômicas e institucionais. “O agro cresceu mesmo com seca, pandemia, inflação e câmbio instável. Mas é preciso perguntar: quem financiou esse crescimento? Quem bancou os juros, os insumos e o risco?”, questionou.
Michelc ainda criticou a securitização implantada nos anos 1990, que, segundo ele, apenas prolongou dívidas impagáveis. “Muitos agricultores foram incluídos nesses programas sem o devido suporte técnico ou jurídico. Hoje, essa mesma geração que sustentou o agro está inadimplente, com restrições de crédito e marcada como devedora — não por falta de trabalho, mas pela ausência de políticas públicas justas.”