Tarifas no café brasileiro podem afetar exportações, elevar preços e alterar o fluxo global do grão, em meio a cenário de instabilidade econômica.
A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada no dia 9 de julho, gera forte preocupação no setor cafeeiro. O país norte-americano é o maior importador de café do Brasil, responsável por cerca de 30% das exportações do grão. De acordo com dados da Hedgepoint Global Markets, as tarifas dos EUA no café brasileiro podem provocar impactos significativos na cadeia de produção e comércio internacional.
O Brasil lidera a produção mundial de café, com grande disponibilidade de grãos, especialmente de café arábica. No momento, enquanto outros países enfrentam entressafra, o Brasil está em plena colheita, o que fortalece sua posição no mercado. Se a nova tarifa for implementada, a competitividade brasileira pode ser afetada, resultando em aumento dos preços nos EUA e possível queda nos embarques.
Além das tarifas, o setor monitora o comportamento do dólar e as decisões de política econômica dos EUA. Apesar de uma leve valorização recente, o índice do dólar permanece próximo ao menor patamar em três anos e meio, refletindo a instabilidade causada por propostas como cortes de impostos e o novo projeto de gastos públicos.
O enfraquecimento da moeda americana e a volatilidade nas políticas comerciais elevam os riscos para importadores. Com os Estados Unidos sendo um país que depende fortemente da importação de bens, como o café, aumentos de tarifas podem estimular a inflação e limitar a margem para cortes nas taxas de juros.
Mesmo com os preços elevados do café, os dados mais recentes indicam recuperação nas importações norte-americanas em 2024/25. No entanto, novas altas podem impactar o consumo e forçar o redirecionamento das exportações brasileiras para outros destinos.
Além disso, outros grandes exportadores, como o Vietnã, já enfrentam tarifas elevadas, o que amplia ainda mais a pressão sobre os preços. O Brasil, com sua produção em alta, pode ser forçado a buscar novos mercados para absorver o volume que deixaria de ir aos Estados Unidos.
As tarifas dos EUA no café brasileiro ainda estão em fase de avaliação, mas o setor já se prepara para um possível cenário de redução na demanda norte-americana, o que exigiria adaptações logísticas e comerciais importantes.