Suinocultura paranaense cresce, mas remuneração cai
Mesmo com recorde na produção, suinocultura no Paraná mantém prejuízo por custos altos e remuneração insuficiente aos produtores

Suinocultura paranaense cresce em produção, mas produtores enfrentam custos elevados e baixa remuneração. Foto: Sistema FAEP / Divulgação

Nos últimos 12 meses, a suinocultura paranaense consolidou-se com crescimento significativo da produção e da exportação. Em 2024, o Estado atingiu o marco histórico de 12,4 milhões de suínos abatidos. Além disso, no início de 2025, o Paraná respondeu por 22% dos abates do país, que conquistou novos mercados internacionais.
Apesar desses avanços, o setor ainda enfrenta desafios dentro da porteira. O elevado custo de produção compromete a rentabilidade dos suinocultores, mesmo quando os preços do suíno vivo sobem. Essa situação ficou evidente no levantamento de custos da suinocultura integrada paranaense, realizado pelo Sistema FAEP em junho deste ano. O estudo, conduzido há mais de 15 anos, ajuda os produtores a conhecerem seus números e oferece subsídios para negociações com as agroindústrias integradoras.
Benefícios do levantamento
Além de auxiliar os integrados, o levantamento serve como referência de mercado para produtores independentes e cooperados. Também embasa o Sistema FAEP na elaboração de políticas públicas para a atividade. Para crescer com rentabilidade, o produtor precisa conhecer todos os detalhes da sua operação e aprimorar a gestão do empreendimento rural.
No levantamento participaram suinocultores de seis Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) no Paraná, sendo três nos Campos Gerais e três na região Oeste. Cada Cadec serve como espaço de diálogo entre agroindústria integradora e produtores. Nessas comissões, definem-se parâmetros de produção e detalhes da relação entre as partes.
Desempenho financeiro das granjas
Em linhas gerais, o desempenho financeiro das granjas piorou em comparação ao levantamento de novembro de 2024. Segundo Nicolle Wilsek, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP,a UPD da região Oeste apresentou os resultados mais preocupantes. “Novos manejos nas propriedades aumentaram os custos variáveis. Além disso, os juros elevados elevaram significativamente os custos fixos”, explica.
Nessa integração, o preço do leitão não cobre sequer os custos variáveis. O Custo Total, que inclui remuneração do capital e depreciações, subiu 64% entre novembro de 2024 e junho de 2025. Enquanto o produtor recebe R$ 47,80 por leitão, o Custo Total alcançou R$ 79,51, gerando prejuízo de R$ 54,86 por animal, contra R$ 18,24 no levantamento anterior.
Mesmo com forte exportação e valorização internacional, a margem líquida do integrado permanece negativa, já que os custos não são integralmente repassados. Nos Campos Gerais, mesmo com aumento no número de leitões, o saldo sobre o Custo Total ficou negativo em R$ 23,45 por animal. “Se não houvesse a atuação da Cadec nas negociações, a situação estaria ainda pior”, afirma Wilsek.
Nas Unidades Crechário (UC), a situação se repete. Na região Oeste, a atividade cobre os custos variáveis, com lucro de R$ 1,56 por leitão, mas o Custo Total permanece negativo em R$ 7,97. Nos Campos Gerais, o custo variável não é coberto, resultando em prejuízo de R$ 3,45, enquanto o Custo Total chega a R$ 17,56 por animal.
Principais despesas e gestão
Para o suinocultor Angelo Nabozny, de Ponta Grossa, a falta de remuneração adequada gera sucateamento das instalações. Ele destaca que energia elétrica e mão de obra são as despesas mais significativas. Já Udo Herpich, da região Oeste, aponta a mão de obra como principal custo, cada vez mais escassa e cara.
Segundo os produtores, o levantamento do Sistema FAEP é essencial para balizar a atividade e melhorar a relação com as integradoras. “Os números ajudam a analisar o negócio de forma mais qualificada e a enxergar pontos que, de outro modo, passariam despercebidos”, avaliam.
Terminação
Nas Unidades de Terminação (UT), o estudo revelou piora na saúde financeira das granjas. Na região Oeste, os custos variáveis não são cobertos, e o prejuízo do Custo Total alcança R$ 40,89 por suíno terminado. Nos Campos Gerais, houve melhoria graças à negociação da Cadec, mas ainda há déficit de R$ 36,28 no Custo Total.
“A suinocultura paranaense cresce em produção e exportação, mas a rentabilidade exige gestão eficiente, inovação tecnológica e políticas de apoio”, conclui a técnica do Sistema FAEP.
