Mercado ensaia reação após perdas, sustentado por prêmios firmes, dólar valorizado e perspectiva de safra cheia nos EUA
Os preços da soja indicam recuperação após uma semana de queda acentuada. Segundo análise da Granoeste, o mercado parece ter encontrado um fundo técnico, com contratos futuros operando entre 1 e 3 pontos de alta. Na Bolsa de Chicago (CBOT), a posição de agosto está cotada a US$ 10,05 por bushel.
Embora o cenário climático siga favorável no Meio-Oeste americano, o mercado ainda reage com cautela diante das incertezas comerciais provocadas pelo governo Trump. Ainda assim, os fundamentos permanecem firmes, o que contribui para conter maiores quedas.
Além disso, o relatório de julho do USDA não trouxe grandes novidades. A produção dos Estados Unidos foi estimada em 117,98 milhões de toneladas, levemente abaixo do mês anterior. Já os estoques finais subiram para 8,44 milhões de toneladas, o que representa um leve aumento em relação ao ciclo anterior.
Outro ponto relevante é o avanço do esmagamento interno norte-americano. Para 2025/26, a projeção é de 67,77 milhões de toneladas, contra 65,86 milhões deste ano. Portanto, esse crescimento indica maior demanda doméstica, o que tende a sustentar os preços.
Globalmente, a produção de soja foi revisada para 427,7 milhões de toneladas, número superior aos 422 milhões da temporada anterior. No Brasil, o USDA estima uma colheita de 175 milhões de toneladas na próxima safra, com exportações previstas de 112 milhões. Enquanto isso, a safra atual deve alcançar 169 milhões de toneladas, com 102,1 milhões destinadas ao mercado externo.
No lado da demanda, a China segue como destaque. Em junho, o país importou 12,3 milhões de toneladas, um recorde para o mês. Além disso, o acumulado anual chega a 49,4 milhões de toneladas, 2% acima do mesmo período de 2024. Esses dados, divulgados pela agência Reuters, confirmam o ritmo forte das compras chinesas.
Apesar da pressão externa, fatores internos vêm sustentando os preços. Por um lado, a valorização do dólar favorece a formação de preços em reais. Por outro, o avanço dos prêmios tem compensado parte das perdas recentes na CBOT.
Atualmente, os prêmios estão entre 125 e 135 pontos no mercado spot, enquanto para agosto variam de 145 a 165 pontos. Dessa forma, o cenário se mostra mais favorável aos produtores brasileiros, mesmo diante de instabilidades externas.
No mercado físico, as indicações de compra oscilam conforme a região, o prazo de pagamento e o período de embarque. No oeste do Paraná, os valores vão de R$ 128,00 a R$ 130,00. Em Paranaguá, os preços variam entre R$ 139,00 e R$ 141,00, refletindo as diferentes condições comerciais.