Custos da produção de leite seguem em alta com impacto da energia, fertilizantes e silagem
O Índice de Insumos para Produção de Leite Cru do Rio Grande do Sul (ILC) registrou em abril o segundo aumento inflacionário do ano, segundo relatório divulgado pela equipe econômica da Farsul nesta quarta-feira (04/06). O avanço de 0,86% foi motivado, principalmente, pelas altas nos preços da silagem (0,25%), fertilizantes (5,6%) e energia elétrica (22,3%).
O reajuste da energia elétrica corresponde à variação tarifária habitual. Já o aumento nos fertilizantes está relacionado ao crescimento da demanda pelo insumo, em razão do início do plantio da safra de inverno em maio. Os combustíveis, que têm peso importante no custo total da produção, seguem com preços estáveis, mesmo com a queda de 7,5% no preço internacional do petróleo. Até o fechamento do relatório, essa redução ainda não havia chegado ao consumidor final.
No acumulado do ano, o índice apresenta elevação de 2,16%, acompanhando o movimento do ICP – índice que também é calculado pela Farsul e que mede a cesta de custos do produtor – que acumula alta de 2,33% desde janeiro.
Desde o começo do ano, o milho acumula uma alta de 3,61%. Como a alimentação representa a maior parte do custo na produção de leite, a variação desse tipo de insumo tem grande peso no resultado.
Nos últimos 12 meses, o ILC acumula uma alta significativa de 20,5%. A análise detalhada dos componentes da cesta do índice mostra aumentos expressivos nos principais insumos: fertilizantes (30,3%), silagem (32,1%), concentrado (15,8%), sal mineral (16,8%) e combustíveis (8,4%). Com exceção da energia elétrica, todos os itens apresentaram variações superiores às registradas pelo IPCA e pelo IPCA-Alimentos no mesmo período, o que evidencia uma defasagem entre a inflação enfrentada pelo produtor e aquela percebida pelo consumidor final.
Apesar do aumento em abril, o relatório da Farsul aponta que os níveis atuais estão mais moderados em comparação ao ano passado, o que pode indicar uma tendência de desaceleração no acumulado dos últimos 12 meses.
Para maio, há expectativa de queda nos preços da soja e do milho, o que pode aliviar os custos com alimentação animal, que têm grande peso na produção de leite. Soma-se a isso a desvalorização do petróleo e o arrefecimento do dólar, fatores que podem reduzir os custos com combustíveis e fertilizantes. Diante desse cenário, projeta-se uma possível retração no ILC para o próximo mês.