CNA e Esalq-Log lançam estudo inédito sobre estradas vicinais e investimentos necessários para melhorar vias rurais no Brasil
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou, na quarta-feira (8), um estudo inédito sobre as estradas vicinais do país. A pesquisa detalha os investimentos necessários para recuperar essas vias, calcula os custos econômicos e ambientais gerados pela má conservação e apresenta recomendações para melhorar o cenário atual.
O presidente da CNA, João Martins, e os deputados Tião Medeiros (PP-PR) e Rafael Simões (União-MG) abriram o evento. Além disso, parlamentares, líderes do setor produtivo, presidentes de Federações estaduais e diretores do Sistema CNA/Senar também participaram. Martins e o presidente da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA, Mário Borba, entregaram o estudo aos parlamentares.
Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da CNA, apresentou a pesquisa, seguida de debates com Thiago Guilherme Péra e Daniela Bacchi Bartholomeu, do Grupo Esalq-Log/USP. O estudo analisou bases públicas e, ainda, visitou oito microrregiões do país, verificando in loco as condições das vias.
As estradas vicinais são vias não pavimentadas que conectam áreas rurais entre si ou a centros urbanos. O levantamento dividiu as vias em terciárias, largas o suficiente para dois veículos, e não classificadas, estreitas e de difícil circulação.
Para priorizar investimentos, o estudo criou o Índice de Priorização das Estradas Vicinais (Ipev). Assim, é possível identificar regiões que demandam manutenção urgente. Consideraram-se fatores sociais, econômicos, ambientais e logísticos para definir áreas “altamente prioritárias”.
O Brasil possui 2,2 milhões de km de estradas vicinais, sendo 367 mil km terciárias e 1,8 milhão de km não classificadas. Para adequar as estradas terciárias em regiões prioritárias, são necessários R$ 4,9 bilhões por ano. Por outro lado, para toda a malha terciária, o investimento sobe para R$ 10 bilhões anuais.
Melhorias nessas estradas podem, ainda, reduzir custos operacionais em R$ 6,4 bilhões por ano e diminuir emissões de CO₂ em 1 milhão de toneladas. Além disso, com investimentos, seria possível melhorar o escoamento da produção agropecuária e a qualidade de vida nas áreas rurais.
O estudo também recomenda fortalecer a articulação entre setores público e privado, capacitar mão-de-obra técnica, implementar planos estruturados de manutenção e apoiar programas como o Proner e o Projeto de Lei 1146/2021, voltados à mobilidade rural e manutenção das estradas de produção.