Índice de Preços ao Produtor Industrial cai pelo quinto mês seguido, puxado por alimentos e petróleo
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Produtor (IPP) caiu 1,25% em junho, marcando o quinto recuo consecutivo em 2025. Com isso, o indicador já acumula retração de 3,11% no ano. Em 12 meses, no entanto, o índice ainda registra alta de 3,24%.
Esse movimento é resultado direto da queda nos preços do setor de alimentos e de refino de petróleo, que juntos explicam mais de 90% do impacto negativo no mês. Dessa forma, a tendência de desaceleração se mantém consistente no primeiro semestre.
O setor de alimentos registrou uma forte retração de 3,43% em junho, o que representou -0,88 ponto percentual no IPP. Essa variação foi provocada, sobretudo, pela queda nos preços de carnes, derivados de leite e óleos vegetais.
Embora o acumulado em 12 meses ainda mostre alta de 1,42%, os preços do setor já caíram 1,53% em 2025. Isso evidencia oscilações típicas de mercado, influenciadas por fatores como demanda interna, exportações e sazonalidade.
Além disso, a menor procura por alguns produtos e ajustes na oferta contribuíram para o recuo.
No setor de refino de petróleo e biocombustíveis, houve retração de 2,53% no mês, gerando impacto de -0,25 p.p. no índice geral. Essa foi a quarta queda mensal consecutiva, acumulando baixa de 8,39% no ano.
A queda nos preços internacionais do petróleo e a valorização do real frente ao dólar explicam boa parte desse cenário, ao baratear produtos importados e pressionar a indústria nacional.
Consequentemente, a cadeia produtiva também sente os efeitos, com margens mais apertadas.
Em contraste com os demais setores, a indústria farmacêutica subiu 2,23% em junho, contribuindo com 0,06 p.p. para o IPP. Esse desempenho está relacionado ao reajuste anual autorizado para medicamentos, além do aumento nos preços de remédios do sistema nervoso e trato digestivo.
No entanto, mesmo esse crescimento foi insuficiente para neutralizar as quedas nos segmentos de maior peso no índice.
O setor de metalurgia apresentou retração de 1,07% em junho, acumulando queda de 9,52% no ano. Com isso, contribuiu com -0,66 p.p. no IPP de 2025.
Entre os fatores que explicam esse cenário estão a sobreoferta no mercado interno, a redução na demanda e a queda nas exportações de produtos siderúrgicos.
Assim, a recuperação desse setor ainda depende de estímulos econômicos mais robustos.
No grupo de bens de consumo, a queda foi de 1,78%, puxada por uma baixa de 2,11% em bens semiduráveis e não duráveis. Isso representou um impacto de -0,68 p.p. no índice.
Enquanto isso, os bens intermediários recuaram 0,98%, e os bens de capital tiveram retração de 0,46%. Essas quedas podem se refletir futuramente nos preços ao consumidor, ao reduzir os custos de produção.
Portanto, a retração é ampla e afeta diversas cadeias industriais.
Por fim, as indústrias extrativas registraram uma leve alta de 0,18% em junho. Contudo, esse setor ainda acumula forte queda de 14,88% no ano e recuo de 8,92% em 12 meses.
Essa leve recuperação pontual não altera o cenário geral, ainda influenciado pela volatilidade no preço do minério de ferro e pela valorização do real, que encarece exportações.