Alta na produção brasileira e tensões entre EUA e China influenciam o mercado da pluma
Com a colheita avançando no Centro-Oeste, produtores de algodão da safra 2024/25 que ainda não comercializaram sua produção enfrentam um cenário de incertezas no mercado — marcado por desafios, mas também por possíveis oportunidades.
A escassez de algodão de alta qualidade no mercado interno tem sustentado os preços. Corretores e agentes do setor apontam que grande parte da pluma com padrão premium já está direcionada à exportação ou comprometida para embarques, o que reduz a oferta disponível e pressiona positivamente as cotações para quem ainda mantém estoques.
Além do cenário interno, o mercado internacional também impõe variáveis importantes. A recente intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, com novas tarifas impostas pelos norte-americanos, pode alterar os fluxos globais da fibra. Caso a China reduza suas compras de algodão americano, o Brasil pode conquistar espaço nesse mercado, embora ainda haja incertezas quanto à reação dos chineses, que também trabalham para ampliar a produção local.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção da China para 2024/25 está estimada em 27,1 milhões de fardos. Já o Brasil deve atingir uma safra recorde de 3,89 milhões de toneladas de pluma, aumento de 5,1% em relação ao ciclo anterior, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Apesar do avanço produtivo, especialistas destacam que o mercado segue volátil no curto prazo, com influência das disputas comerciais e da concorrência com grãos como soja e milho. Há expectativa de que os preços internacionais se recuperem no médio prazo, criando janelas pontuais de valorização para os produtores brasileiros.