Mercado de algodão segue baixista e depende de eventos geopolíticos
Demanda lenta e oferta abundante mantêm mercado de algodão em baixa, com recuperação dependendo de fatores geopolíticos

Mercado de algodão mantém baixa com oferta abundante e demanda lenta. Foto: Canva

De acordo com a Abrapa, a demanda lenta e a oferta abundante mantiveram o mercado de algodão em baixa nesta semana. Uma recuperação dependerá de algum evento geopolítico relevante que mude a posição dos especuladores, atualmente fortemente vendidos.
Além disso, o fechamento parcial do governo americano (“shutdown”) aumenta a incerteza, interrompendo dados oficiais que auxiliam produtores e investidores.
Em Nova York, o contrato Dez/25 fechou nesta quinta-feira (16/out) a 63,73 U$c/lp, queda de 1,15% em relação a 9/out. O contrato Dez/26 encerrou em 67,65 U$c/lp, recuo de 1%. No Leste da Ásia, o basis médio do algodão brasileiro foi de 774 pontos para embarque de outubro/novembro, segundo a Cotlook.
Geopolítica e fatores financeiros influenciam o mercado
Os avanços no Oriente Médio contrastam com tensões entre China e Estados Unidos. No entanto, circulou a informação de que Trump deve se reunir com Xi Jinping em duas semanas, o que pode impactar o mercado. Os suportes técnicos mantêm o contrato Dez/25 entre 63,3 e 62,7 c/lp, funcionando como piso de curto prazo.
Além disso, o dólar mais fraco e a expectativa de corte de juros nos EUA favorecem commodities agrícolas. A recente ligação entre Trump e Putin e a reunião prevista na Hungria reduziram o risco geopolítico global.
O plantio mais contido no Brasil e na Austrália em 2025/26 diminui a pressão futura de oferta. A cotação do ouro em alta indica busca por ativos seguros, sinalizando possível entrada de fundos em commodities.
Oferta global e movimentação no mercado brasileiro
Na Índia, a oferta da nova safra acelerou, com 15,2 mil toneladas levadas às algodoeiras até 15/out, maior volume desde 2020/21. No Paquistão, negócios ocorreram com algodão brasileiro safra 2025, tipo Middling 36 G5 a 650-675 pontos e SLM 1-1/8" a 575-600 pontos.
As exportações brasileiras somaram 91,1 mil toneladas nas duas primeiras semanas de outubro, média diária 10,8% menor que em out/24.
Quanto ao beneficiamento da safra 2024/25, até 16/10, os estados registraram: BA 80%, GO 86,5%, MA 50%, MG 84%, MS 75%, MT 52%, PI 88,25%, PR 100% e SP 100%, totalizando 59,5% do Brasil.
Na China, a pesquisa de campo da BCO indica área plantada de 3,15 milhões de hectares (+7,6%) e produção mantida em 7,415 milhões de toneladas (+8,2%). A previsão de importações caiu para 1,2 milhão de toneladas, com estoques finais de 6,36 milhões (-170 mil t). Para 2024/25, a produção será de 6,85 milhões, importações de 1,06 milhão e estoques finais de 6,16 milhões (+30 mil t).
O cenário ainda é desafiador, com pressão da demanda têxtil global fraca, consumo americano desacelerado e menor preço do poliéster. No entanto, fatores como suporte técnico em NY, demanda física ativa pelo algodão brasileiro e expectativas geopolíticas positivas oferecem algum alívio para o mercado.
