Carlos Fávaro não vai deixar Ministério da Agricultura

No âmbito da reforma ministerial do Governo Lula, que precisa acomodar interesses políticos nesse ano pré-eleição, a chefia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) vem sendo alvo de especulações de um novo titular, que substituiria Carlos Fávaro (PSD/MT) no cargo.

Fávaro vem de uma sequência de desgastes como ministro, porém, permanece como um forte elo de ligação do Governo petista com o agronegócio. O recente cancelamento dos financiamentos do Plano Safra, que foi anunciado pelo Banco Central sem passar pela anuência do ministro, foi o estopim de uma crise política e de especulações sobre a imediata substituição do atual titular.

Segundo a oposição, Fávaro não tem mais autoridade no cargo. O deputado Pedro Lupion (PP/PR), presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), que representa a bancada do agronegócio no Congresso Nacional, veio a público na terça-feira (25/02) para afirmar que a bancada iria negociar o próximo Plano Safra diretamente com o Governo. Segundo Lupion, não haveria mais diálogo com o atual ministro, que estaria sem credibilidade e relevância para atuar na elaboração do próximo Plano Safra.

Segundo A FPA, as negociações do setor passaram a ser conduzidas diretamente com “ministros mais fortes”, como o titular da Fazenda, Fernando Haddad. O tom da conversa faz parte da quebra de braço entre a bancada e Fávaro. Em resposta, o atual ministro disparou críticas contra a FPA e jogou no colo do Congresso a culpa pelo cancelamento do Plano Safra.

"Se os deputados tivessem cumprido seu papel, cobrando a aprovação orçamentária, talvez não tivessemos que estar passando por isso", rebateu Fávaro. “A gente, hoje, vive uma intolerância por parte do Congresso, principalmente da Frente Parlamentar da Agropecuária", alfinetou.

Entre os feitos do atual ministro, está a abertura de novos mercados. Somente em 2023 foram 78 novos destinos para o agro brasileiro em 39 países

MINISTRO FICA

Neste dia 28/02 ele esteve entregando obras em Pedra Preta e em São José do Povo; no dia 01/03 ele estará em Rondonópolis; no dia 03/03 em Tangará da Serra e Nova Olímpia; no dia 04/03, em Nortelância; no dia 07/03 em Várzea Grande e Acorizal; e no dia 08/03 em Nossa Senhora do Livramento.

Desde que foi nomeado, Carlos Fávaro teve a dificil missão de interagir com um setor com interesses políticos totalmente contrários ao Governo eleito. O agronegócio fez campanha aberta para o Jair Bolsonaro e até hoje ainda mantém posições de defesa do ex-presidente. Porém, o setor depende das linhas de crédito do Governo Federal e é um dos que mais sente as crises na política econômica. Do outro lado, o Governo Lula sabe que o setor é fundamental na economia e não pode bater de frente.

Neste ringue político, Carlos Fávaro sempre foi o apaziguador e esteve na linha de frente de defesa do Governo. Suportou diversos revezes, como quando foi "desconvidado" para estar presente oficialmente na Agrishow, a maior feira de agronegócio da América Latina. E o atual ministro tem o crédito de uma política de abrir novos mercados mundiais para o setor, que foi responsável por quase metade das exportações brasileiras em 2023.

O Brasil, em 2023, abriu 78 novos destinos em 39 países, distribuídos pelos cinco continentes. Já em 2024, foram 180. No total, desde o início do governo, foram 258 novas possibilidades de comércio em 60 países. Com o fortalecimento de laços no exterior, as exportações do agronegócio brasileiro, em 2023, atingiram o recorde de US$ 167 bilhões, aumento de cerca de 5% em relação a 2022.

A questão é o Governo definir o que é mais importante nesse momento: acomodar politicamente seus interesses, nomeando um novo MInistro da Agricultura que, dependendo do nome, pode abrir uma nova crise no setor, ou manter Carlos Fávaro, que tem o mérito de ter realizado uma boa gestão frente à pasta e não correr riscos.

Façam suas apostas.