Nova metodologia será testada inicialmente na soja do Paraná e prevê subvenções diferenciadas conforme a qualidade do manejo aplicado nas áreas agrícolas
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou nesta segunda-feira (24) as regras para o projeto-piloto do Zoneamento Agrícola de Risco Climático por Níveis de Manejo (ZARC-NM), que será aplicado inicialmente à cultura da soja no Paraná. A proposta tem como objetivo classificar áreas agrícolas com base na qualidade do manejo do solo, influenciando diretamente os percentuais de subvenção concedidos pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
Desenvolvida pela Embrapa, a nova metodologia busca incorporar dados sobre o uso do solo e as práticas agrícolas adotadas, como fertilidade e conservação, além dos já tradicionais parâmetros climáticos do ZARC. A intenção é incentivar técnicas que aumentem a disponibilidade de água para as plantas, especialmente em períodos de seca, promovendo mais segurança e produtividade no campo.
As áreas serão classificadas em quatro níveis de manejo. O NM1 representa áreas com degradação física, química e biológica do solo, com maior risco de perdas por seca. O NM2 equivale à parametrização atual. Já os níveis NM3 e NM4 indicam práticas mais avançadas de manejo, com maior disponibilidade hídrica e menor risco climático. Os percentuais de subvenção variam de 20% a 35%, conforme o nível de manejo, e um orçamento exclusivo de R$ 8 milhões foi reservado para a execução do piloto.
O produtor que quiser aderir deve reunir informações como Cadastro Ambiental Rural (CAR), dados de cultivo dos últimos anos, análise de solo e imagens de sensoriamento remoto. Essas informações serão processadas por empresas especializadas e enviadas à Embrapa, que classificará a área agrícola em um dos quatro níveis. A partir disso, o produtor poderá contratar o seguro rural com base na classificação obtida.
De acordo com o secretário de Política Agrícola do Mapa, Guilherme Campos, essa é uma resposta a uma antiga demanda dos agricultores. “Vamos conseguir traçar o perfil de cada área agrícola e identificar o histórico do manejo adotado. Com isso, as seguradoras poderão ofertar coberturas mais aderentes à realidade de cada lavoura e cobrar preços mais justos pelas apólices”, disse.
O projeto-piloto será conduzido no Paraná, onde a metodologia foi testada e validada, e deverá ser expandido para outros estados e culturas nos próximos anos, conforme a resposta dos produtores e dos agentes do setor.