A visita a uma empresa do Litoral Norte do Rio Grande do Sul que produz arroz de forma sustentável marcou o segundo dia do o segundo dia do workshop “Taller de trabajo para promover una producción sustentable de arroz en América Latina y El Caribe” (Workshop para promover a produção sustentável de arroz na América Latina e no Caribe), promovido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) , e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
A coordenadora do workshop, engenheira agrônoma Mara Grohs, do Irga, explicou que a ideia da visita foi mostrar propriedades que são consideradas acima da média. “Exemplo de como a gente gostaria que fosse a maior parte das propriedades rurais do Rio Grande do Sul, com manejos utilizados que visam à sustentabilidade ambiental, com diversificação de culturas, sequestro de carbono, que é uma das coisas que mais influencia no balanço dos gases de efeito estufa”, destacou.
“Estamos aqui reunidos para discutir como podemos mitigar esses gases em lavouras de arroz. Para mostrar aos outros países como são esses manejos, já identificados por meio de pesquisas do Irga. Um deles é a rotação com a soja. Nossos estudos identificaram que há uma redução de 60% na emissão desses gases quando há rotação de um ano de arroz e um ano de soja”, esclareceu Mara. “No campo, conhecemos os manejos de soja e arroz e discutimos as particularidades do nosso sistema de produção. Pelo que vimos até aqui, os sistemas de produção dos outros países são diversos dos realizados no Brasil. O mais similar ao nosso é o do Uruguai, em relação ao manejo da cultura do arroz, de como reduzir as emissões de gases de efeito estufa, enfim, manejo de sustentabilidade”.
Segundo Mara, na FAD Sementes havia uma resteva de milho em que há quatro anos o solo não é perturbado. “Isso ajuda a sequestrar carbono também. Se colocarem uma planta de cobertura, melhor ainda. Vamos ter mais adição de palha, que vai sequestrar mais carbono no solo [que é o nosso maior reservatório de carbono] do que a lavoura vai emitir. No final, a gente busca que o balanço dessa equação seja ou zero [entre o que emite e o que sequestra], ou negativo [quando tem mais carbono no solo do que indo para a atmosfera]. O plantio direto é o manejo que mais sequestra carbono, independente se é lavoura de soja, de milho, de arroz. E é uma das bases do Plano ABC+RS”, esclareceu.
Ele contou que a empresa é familiar e tem foco na produção de sementes de arroz com alta qualidade. São seis variedades: Irga 424 RI, BRS Pampa CL, BRS Pampeira, Membyporá Inta CL, OS 901 CL, OS 902 CL. “Trabalhamos com rotação de culturas e integração lavoura-pecuária, mas sempre prezando o sistema plantio direto. Trabalhamos com diversas culturas como arroz (o carro-chefe da empresa), soja, milho, além da pecuária. Não existe mais monocultura e sim um conjunto amplo de atividades que ocupam todos os meses do ano”, destacou. “A gente investe muito em tecnologia e inovação, aumento de produtividade e qualidade”.
Dutra contou que são duas propriedades, a da localidade de Barrocadas, em Santo Antônio da Patrulha, e a de Capivari do Sul, distantes cerca de 40 quilômetros uma da outra. Ele destacou que hoje o maior patrimônio é o investimento no cuidado com o solo. “O que fazemos aqui vem expressando em renda, qualidade e valorização”.