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Clima mais quente favorece pragas e doenças e impõe novos desafios ao agro, aponta Embrapa

Pesquisadores alertam para aumento da severidade de doenças em lavouras até 2100, exigindo inovação e ação coordenada

Clima mais quente favorece pragas e doenças e impõe novos desafios ao agro, aponta Embrapa

Mosca branca em citros. Foto: Claudio Leone

Foto do autor Redação RuralNews
16/04/2025 |

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O avanço das mudanças climáticas deve tornar as lavouras brasileiras mais vulneráveis a doenças e pragas. Um estudo da Embrapa aponta que até 2100, cerca de 46% das doenças agrícolas no Brasil devem se tornar mais severas, com impacto direto sobre culturas como soja, milho, arroz, café, hortaliças e frutas.

Segundo os pesquisadores, o aumento da temperatura e as alterações no regime de chuvas favorecem a disseminação de fungos, vírus e vetores, exigindo investimentos urgentes em pesquisa, monitoramento e controle fitossanitário. A análise foi feita com base em 304 patossistemas – interações entre patógenos e plantas hospedeiras – em 32 das principais culturas do país. Os fungos se destacam como as ameaças mais recorrentes, presentes em quase 80% dos casos.

Com o aquecimento global podendo ultrapassar 4,5°C em algumas regiões brasileiras até o fim do século, doenças como antracnose e oídio tendem a ganhar força.

A pesquisadora Francislene Angelotti, da Embrapa Semiárido, destaca que é preciso reforçar os sistemas de vigilância e acelerar a inovação científica. “Prever o comportamento das doenças em um cenário climático em transformação é um desafio que exige planejamento e adaptação”, afirma.

Vetores sob condições ideais

Além dos fungos, insetos vetores como mosca-branca, pulgões, tripes e cochonilhas também devem ganhar espaço. Com temperaturas mais elevadas, esses organismos têm ciclos de vida mais curtos e se tornam mais longevos, o que contribui para o aumento de suas populações.

Isso representa maior pressão sobre lavouras como tomate, batata, citros, banana e milho. “O calor favorece pragas mais persistentes e ativas por mais tempo”, explica Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente.

Impacto sobre defensivo

O uso de defensivos químicos também tende a ser afetado. A eficácia de fungicidas pode diminuir com o aumento das temperaturas e a mudança na fisiologia das plantas, exigindo mais aplicações e aumentando os custos e os riscos ambientais. Esse cenário já acelera a busca por alternativas, como os agentes biológicos de controle.O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de biopesticidas e lidera em área agrícola sob controle biológico. A expectativa é que o mercado global desses produtos atinja US$ 19,49 bilhões até 2030, segundo a consultoria Research and Markets. No entanto, os bioinsumos também precisam evoluir.

“É urgente desenvolver bioherbicidas e produtos capazes de mitigar o estresse das plantas frente às mudanças climáticas”, diz Bettiol.

Monitoramento e ação conjunta

Diante do cenário, os pesquisadores recomendam uma resposta integrada, que envolva agricultores, instituições científicas e políticas públicas. Medidas como diversificação de cultivos, uso de tecnologias de manejo integradas e adoção de modelos de alerta precoce são consideradas essenciais.

“A adaptação às mudanças climáticas não pode ficar apenas nas mãos dos produtores. É necessário um esforço conjunto entre ciência, governo e setor produtivo”, reforça Angelotti.

Risco fitossanitário exige estratégia

O Brasil, com sua grande diversidade agrícola e climática, é particularmente vulnerável. A pesquisadora Emília Hamada, da Embrapa Meio Ambiente, defende avaliações regionais contínuas e estudos de campo que ajudem a entender a dinâmica dos patógenos diante do novo cenário climático. Segundo ela, os aumentos de temperatura e as alterações nas chuvas favorecem doenças como a ferrugem da soja e a do cafeeiro, que podem se espalhar com mais facilidade.

A construção de cenários de risco e o fortalecimento da base científica são, segundo a Embrapa, fundamentais para proteger o campo e garantir a sustentabilidade da produção de alimentos no futuro.

TAGS: #Clima # Pragas
# Doenças # Desafios # Agro # Embrapa
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Editor RuralNews
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