Aprosoja MT defende análise individual de crédito para produtores
Entidade alerta que critérios territoriais do CMN podem excluir produtores com perdas comprovadas e comprometer a produção

Produtores de MT pedem análise individual de crédito para acessar linhas da MP 1.314/2025. Foto: Aprosoja MT / Divulgação

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) enviou ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) o Ofício nº 1383/2025. A entidade manifestou preocupação com os critérios adotados para o acesso às linhas de crédito rural da Medida Provisória nº 1.314/2025. Ela defende que os bancos analisem cada pedido individualmente, sem aplicar filtros territoriais ou estatísticos que excluam produtores com perdas comprovadas.
Crédito rural e MP 1.314/2025
Publicada em setembro, a MP permite renegociação de dívidas de produtores que tiveram perdas em duas ou mais safras entre 1º de julho de 2020 e 30 de junho de 2025 por eventos climáticos extremos. O programa oferece juros subsidiados de 2% a 6% ao ano, prazos de até nove anos e um ano de carência.
No entanto, as resoluções nº 5.247 e nº 5.257 do Conselho Monetário Nacional (CMN) restringem o acesso. Elas determinam que apenas produtores em municípios listados e enquadrados em percentuais médios de perdas (PAM/IBGE) possam acessar o crédito equalizado. De acordo com a Aprosoja MT, isso desvirtua a proposta original e exclui produtores que sofreram perdas reais.
Impacto sobre produtores de MT
“O produtor que enfrentou seca ou excesso de chuva, junto com queda de preço da soja e do milho, fica desamparado. Com juros e prazos corretos previstos na MP, ele teria fôlego para manter a produção, gerar empregos e renda”, disse Diego Bertuol, diretor administrativo da Aprosoja MT.
O documento cita municípios afetados, como Paranatinga, Guarantã do Norte, Rondonópolis, Tangará da Serra e Vila Bela da Santíssima Trindade. Dados do DEROP/Banco Central mostram que quase 15% da carteira de crédito rural de Mato Grosso, cerca de R$ 14 bilhões, já está em atraso ou renegociação.
Além disso, a burocracia e exigências excessivas dificultam o acesso ao crédito. Isso eleva juros e impede que produtores aproveitem linhas emergenciais. “Se os bancos aplicassem carência e prazos adequados, seria possível evitar falências, recuperações judiciais e problemas extremos entre produtores”, alerta Bertuol.
Solicitação da Aprosoja MT
A entidade pede que o MAPA reavalie os critérios do CMN e autorize análise individualizada das operações de crédito, baseada em comprovação técnica de perdas, dentro do regime equalizado da MP 1.314/2025. Além disso, a Aprosoja MT reforça que o objetivo é socorrer produtores em vulnerabilidade e garantir a continuidade da produção de alimentos, sem distinção territorial.
“A Aprosoja MT acompanha o produtor e cobra do ministro Carlos Fávaro a adequação dos critérios, para que os produtores do estado recebam o suporte necessário na maior crise financeira do agro brasileiro”, concluiu Bertuol.
