Com pelo menos 5,4 mil barragens, pode ser possível irrigar 3,2 milhões de hectares no Estado
Uma pesquisa feita a partir de dados geográficos aponta que a solução para o enfrentamento das estiagens que atingem o Rio Grande do Sul está “dentro de casa”. Conduzido pelo geólogo Rogério Porto em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul (Sargs), o estudo mapeou 5,4 mil pontos possíveis para criação de barragens nas principais bacias hidrográficas gaúchas, no Noroeste.
O projeto contempla a identificação e demarcação de 5.479 pontos de acumulação de água nas principais bacias hidrográficas do Estado. O geólogo responsável, Rogério Porto, explicou o objetivo do empreendimento. “Vamos fornecer informações sobre os pontos de acumulação. É preciso desmistificar a ideia de que o Rio Grande do Sul tem escassez de água. O que não temos é uma política de armazenamento da água que sobra no período das chuvas”, ressaltou.Os estudos serão viabilizados por meio de recursos de emenda parlamentar, encaminhadas por Heinze as prefeituras da região. A estimativa de custo é de R$ 12,00 por metro cúbico, que já conta com orçamento inicial. Heinze alocou R$ 800 mil que serão utilizados na identificação das bacias localizadas nas regiões da AMM, AMUFRON e AMUPLAN. Atualmente, o Rio Grande do Sul possui apenas 1,15 milhões de hectares irrigados, segundo a Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2023. A região mapeada abrange 63 municípios gaúchos, localizados no Noroeste do Estado, bastante afetada pelas últimas secas prolongadas.Heinze, que tem trabalhado na iniciativa há um ano, destacou o alcance do projeto. “Os pontos mapeados serão capazes de irrigar mais de 3,2 milhões de hectares de soja, milho, arroz, pastagens e outras culturas. É uma ferramenta que nos ajuda a combater a estiagem e até o excesso de água, se consideramos a exploração de pequenas centrais hidrelétricas”, afirmou o senador. O mesmo trabalho também está concluindo o mapeamento de outros 3,8 mil pontos no Estado, o que resultaria em quase 10 mil possíveis barragens a serem criadas em território gaúcho Legislação
O político reforçou que está trabalhando na construção de mudanças legislativas que permitam a devida exploração do potencial hídrico da região, tanto na perspectiva dos açudes, quanto no barramento de rios. O PL 1282/2019, que foi aprovado pelo Senado no final do ano passado, é uma das alternativas mais promissoras. A expectativa é acelerar a votação na Câmara dos Deputados e garantir a construção de reservatórios em APP. “É preciso levar a ciência para combater os discursos radicais. Meio ambiente e produção caminham justos”, concluiu Heinze.
Levantamento mapeou 5,4 mil pontos possíveis para criação de barragens nas principais bacias hidrográficas gaúchas