As agroindústrias familiares estão presentes nas diferentes regiões e realidades do nosso estado, mesmo onde há forte vocação na produção de grãos, leite ou carnes. Trata-se de uma alternativa que agrega valor aos produtos primários, cria oportunidades de trabalho e gera renda, podendo tornar-se, em muitos casos, a principal fonte de renda da propriedade rural. Elizeu e Ivone Queiroz, de Mamborê, são um exemplo desse segmento que a cada dia mais se profissionaliza em todo o estado.
A agroindustrialização entrou na vida do casal há aproximadamente onze anos, quando a família necessitava de uma nova atividade geradora de renda. Naquela época Ivone e Elizeu não tinham recursos para investir nos três hectares de terra arrendados. Tampouco tinham equipamentos ou maquinários. A única saída que eles encontraram foi transformar em doce a produção de abóbora que existia na propriedade e vender para amigos. Foi por meio de um desses novos clientes que veio a sugestão para que eles participassem da Feira do Produtor no município. Na ocasião o casal aproveitou as grandes feiras da agroindústria no estado, com o apoio da Prefeitura e do IDR-Paraná. Ivone já havia feito alguns cursos de transformação de frutas, conservas e outros alimentos e começou a produzir diversos doces e compotas de frutas, diversificando a produção para tentar vender seus produtos em todo o estado.
Diferencial
A partir da experiência de comercialização em grandes eventos, veio a constatação de que era preciso inovar e lançar produtos inéditos ou, pelo menos, oferecer algum diferencial de qualidade e sabor. O casal passou a fabricar frutas cristalizadas, como a casca de laranja, o gengibre e a pimenta cristalizada.
"Desde o começo, a preocupação sempre foi com a qualidade em todas as fases do processo produtivo, optamos por produtos feitos da forma mais artesanal possível, com frutas da estação, preparo em fogão à lenha. Usamos receitas tradicionais da família e, principalmente, com uso reduzido de açúcar, para que o sabor das frutas ou legumes fosse bem acentuado e atendesse aos apelos de saudabilidade, tendências tão comuns em nossos dias", explicou Eliseu. Esse cuidado é uma das razões do sucesso da agroindústria Mamborê Produtos Artesanais de Ivone e Elizeu que esteve presente nas últimas sete edições da Feira da Agroindústria Familiar, no Show Rural Coopavel.
Em 2011 o casal decidiu investir num espaço próprio para a produção. Com recursos do Pronaf (Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar) e apoio da Prefeitura foi iniciada a construção das instalações para qualificar ainda mais a produção, atendendo aos padrões sanitários exigidos pela legislação. Com a demanda crescente pelos produtos, até mesmo fora das grandes feiras do estado, o casal passou a melhorar a identidade visual dos seus produtos. "O IDR-Paraná contribuiu com orientações técnicas quanto ao tipo de embalagem e, principalmente, a respeito da confecção dos rótulos, adequando-os a legislação vigente" afirmou o extensionista Luiz Vanderley.
Inovação
A variedade é uma das marcas da Mamborê Produtos Artesanais. Atualmente a banana, o mamão e a manga desidratados são os lançamentos da agroindústria. De acordo com Ivone, essa linha investe em produtos saudáveis que vêm sendo muito procurados pelos consumidores. A agroindústria hoje tem capacidade de produzir 3.000 unidades/mês, entre vidros de doces, geleias, compotas, pacotes de frutas cristalizadas e desidratadas. A produção é comercializada em diversos municípios paranaenses e em outros estados, como Mato Grosso.
Para Elizeu, a receita do sucesso da agroindústria é simples: persistência, determinação, inovação, preço justo e trabalho em família. Para os empreendedores, Ivone deixa um grande incentivo. Segundo ela, cada produto é único, no sentido de que ninguém faz igual a você. "Mas sempre é possível fazê-lo melhor. Nunca desista, procure sempre capacitar-se e não tenha medo de inovar. Força, foco e fé”, aconselha a produtora.