Mesmo com fretes mais estáveis mercado segue pressionado pela falta de estrutura
A colheita da soja no Mato Grosso foi concluída, consolidando uma safra recorde com produtividade elevada e clima favorável ao longo do ciclo. Apesar dos excelentes resultados no campo, o grande gargalo agora está fora das lavouras.
De acordo com a análise da TF Agroeconômica, o déficit de armazenagem segue como um dos principais desafios do estado. A capacidade disponível não acompanha o ritmo de crescimento das safras, o que gera um efeito em cadeia sobre a logística, os custos e a comercialização.
A situação se agrava com a sobreposição do escoamento da soja com a chegada da colheita do milho safrinha. Esse volume adicional pressiona ainda mais os armazéns e a malha logística, que já vinha operando no limite desde o início do ano.
O cenário também impacta os preços. Com a necessidade de liberar espaço, muitos produtores acabam antecipando vendas, o que contribui para a pressão baixista no mercado interno. Mesmo com os fretes se mantendo relativamente estáveis nas últimas semanas, o custo operacional segue elevado, sobretudo nas regiões mais afastadas dos portos.
Segundo a TF Agroeconômica, esse problema de armazenagem não é exclusivo do Mato Grosso, mas o estado, por ser o maior produtor de soja do Brasil, sente o impacto de forma mais intensa. A falta de investimentos suficientes em infraestrutura para estocagem se torna um gargalo estratégico, principalmente diante de margens mais apertadas no segundo semestre.
A tendência é de que esse desafio se repita nos próximos ciclos, caso não haja avanços significativos em projetos de ampliação de silos e modernização da logística. Enquanto isso, o produtor precisa lidar com decisões comerciais mais difíceis, muitas vezes vendendo em momentos desfavoráveis por falta de espaço.