Um país polarizado entre esquerda e direita e um Governo eleito com uma pequena margem de votos. Esses elementos compõem um cenário desfavorável a qualquer um dos candidatos que concorreram ao cargo máximo no país. E Luís Inácio Lula da Silva já começa a sentir isso, amargando índices de popularidades "nunca antes vistos nesse país" para um início de governo.
Neste Brasil ainda traumatizado pela radicalização política, não há como haver uma pacificação de ânimos em tão pouco tempo, como esses primeiros meses do governo do PT. Por mais que o escolhido para ocupar o cargo de ministro da Agricultura tenha um certo trânsito entre alguns setores do agronegócio, ninguém tinha dúvidas das "pedreiras" que o novo ministro iria enfrentar nesse trânsito entre os "dois mundos": o da esquerda fervorosa e o da direita indignada.
Diante disso, qual ministro iria se expor a frequentar o lugar onde a concentração de bolsonaristas é próxima dos 100%? Por isso eu afirmo: Carlos Fávaro não tinha a mínima intenção de visitar a Agrishow em 2023. No máximo ele iria de última hora arrumar uma desculpa para não comparecer. Ele também não compareceu ao Show Rural Coopavel, realizado em fevereiro em Cascavel/PR, e nem à Tecnoshow, realizada em abril em Rio Verde/GO, pelo mesmo motivo.
E Francisco Maturro deu a ele o motivo para não vir à feira e ainda se sair como vítima na história. Quem conhece o presidente da Agrisow sabe que ele jamais cometeria a gafe de "desconvidar" a mais alta autoridade do país a vir na mais importante feira do agronegócio da América Latina.
E essa situação piorou ainda mais o imbóglio. Foi como jogar gasolina na fogueira. Os dois lados tomaram por si a "dor" dos envolvidos e o radicalismo mais uma vez deu suas caras.
A verdade é que o Governo do PT ainda não deu sinal algum de diálogo com o setor do agronegócio. Mas deu sinais claros de simpatia para o MST, que se encorajou a voltar com suas invasões no campo, o chamado Abril Vermelho.
A presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em um assentamento no início do ano, quando disse que o Movimento Sem Terra é "mal compreendido" e sofre preconceito foi um desses sinais.
A falta de ação do Governo Federal em buscar diálogo real com o setor do agronegócio é o grande problema dessa gestão. Um setor que ainda é o responsável pelo equilíbrio da balança comercial e da geraçao de divisas para o Brasil.