HOME | AGRICULTURA | Feiras e eventos | Publicado em 03/12/2024
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Volatilidade de preços do algodão foi tema de reunião em evento do ICAC na Índia
Estratégias de como o agricultor ao redor do mundo tem se protegido contra a volatilidade dos preços de algodão foi a tônica central de um painel ocorrido durante a 81ª edição da Reunião Plenária do International Cotton Advisory Commitee
Um painel ocorrido no domingo (03/12) durante a 81ª edição da Reunião Plenária do International Cotton Advisory Commitee (ICAC), realizada em Mumbai (Índia) nesta semana, abordou um que tem se tornado muito relevante no mercado de algodão: como o agricultor ao redor do mundo tem se protegido contra a volatilidade dos preços.
Após a pandemia de Covid-19, a oscilação de cotações tem sido mais frequente, e causada por diferentes motivos. “Os preços não são mais definidos exclusivamente pelos fundamentos de ‘oferta’ e ‘demanda’. Temos as mudanças climáticas, a geopolítica mundial e a conjuntura econômica dos principais players globais”, contextualizou Haroldo Rodrigues da Cunha, ex-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) e representante do Brasil no painel do ICAC.
A dinâmica nas políticas de exportação e importação também influencia no mercado. “Vários países têm políticas protecionistas, de cotas ou taxação de produtos. O agricultor que exporta precisa acompanhar essa movimentação também”, observou.
No Brasil, cerca de 70% da produção de algodão é destinada à exportação. Estimativas da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) indicam que, entre julho de 2023 e junho de 2024, serão exportadas 2,4 milhões de toneladas – 60% a mais que no ciclo anterior. Atualmente, o Brasil é o segundo maior exportador de pluma no mundo, ficando atrás dos Estados Unidos.
Diferentemente de países onde há políticas mais protecionistas de preços e o algodão é quase 100% absorvido pelo mercado interno, como é o caso da China e da Índia, no Brasil o agricultor tem uma atuação mais “empresarial”. “O ponto de partida é saber o custo de produção para ‘travar’ pelo menos a parte da safra equivalente aos custos diretos”, explicou Haroldo Cunha.
Uma das operações mais usuais entre os brasileiros é o barter, na qual o algodão é ‘trocado’ por insumos para a safra seguinte. Outra opção comum é o hedge, em que o preço é fixado no momento da venda. Também são frequentes os contratos de opção e as vendas on call, pelas quais o produtor fixa o valor ‘Basis’ e trava o preço no decorrer da safra.
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Todas essas alternativas são realizadas pelo produtor via bancos, corretoras e tradings. O fato é que, até o mês de novembro, 80% da safra 2022/23 de algodão brasileiro e 46% da safra 2023/24 já tinham sido comercializados antecipadamente no Brasil.
O painel mostrou também a diversidade de realidades da cotonicultura global. No continente africano, por exemplo, não é usual a política de garantia de preços como na Índia e na China. “A troca de experiências entre os produtores é um dos pontos altos de painéis como esse do ICAC”, salientou o representante brasileiro.
A plenária do ICAC continou na semana tendo como tema central “Cadeia de Valor do Algodão: Inovações locais para a prosperidade global”. O evento é aguardado pela indústria têxtil mundial, reunindo produtores, empresários, técnicos e profissionais do segmento.
De 6 a 8 de dezembro ocorreu um tour técnico na região de Ahmedabad (Gujarat). A agenda incluiu encontro técnico com produtores, visita a unidades de beneficiamento e fábricas. Essa etapa foi acompanhada por Marcelo Duarte Monteiro, diretor de Relações Internacionais da Abrapa e responsável pelo programa Cotton Brazil – marca que promove internacionalmente a cadeia produtiva do algodão brasileiro.
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