A vitória de Donald Trump continua trazendo volatilidade para os mercados globais e para as commodities, o mercado tenta precificar quais medidas serão implantadas pelo novo presidente. E quando se trata do óleo de soja, a principal tese que o mercado está trabalhando no momento é a retirada de estímulos para setor de biocombustíveis, especialmente para as matérias primas importadas, como é o caso do UCO (óleo vegetal reutilizável) vindo da China.
Essa perspectiva é positiva para os preços do óleo de soja que tendem a receber maior atenção e demanda caso essa política seja implementada. Por outro lado, temos a possibilidade de o Trump extinguir esse programa que estimula a produção e utilização de biocombustíveis, o que seria péssimo para o setor de óleos vegetais nos EUA.
Porém o que vemos no momento é o mercado olhando para o copo meio cheio, tentando precificar a primeira tese. Além dessa questão interna os óleos vegetais também passam por um momento de aperto na oferta global, contribuindo para a alta dos demais óleos, como o de palma e de girassol.
A alta do óleo estimula os preços do grão de soja pois a melhora no oil share gera mais demanda pelo grão por esmagadoras, levando o grão a ter o maior fechamento das quatro últimas semanas.
No complexo da soja, apenas o farelo continua tendo dias difíceis, fundos seguem apostando na queda do farelo e alta do óleo e isso pode implicar uma menor demanda do setor de carnes ou até uma substituição como o DDG de milho, que apesar de ter um percentual de proteína menor que o farelo da soja, pode ser uma alternativa viável.Acompanhe as cotações de fechamento do complexo da soja na CBOT:
SOJA JANEIRO: U$10,26/bs | variação +2,24%
ÓLEO DE SOJA DEZEMBRO: U$48,32/lb | variação: +4,27%
FARELO DE SOJA DEZEMBRO: U$ 298,50/st | variação: +0,03%
Futuros de milho apresentaram uma volatilidade menor neste pregão e encerra o dia no positivo, consolidando o quinto pregão de alta consecutiva. Os fundamentos para o milho seguem sem alterações, o ritmo de exportações mais forte devido à ausência de produtos em outras origens traz estabilidade para os preços na CBOT e mantém uma tendência de alta para o curto/médio prazo.
A retirada de estímulos para setor de biocombustíveis afeta diretamente o preço do óleo de soja
Já para o trigo o cenário é outro, uma demanda mais fraca e problemas de produção no globo acabam gerando um movimento de indecisão do mercado, com pequenas variações e sem uma direção clara.Acompanhe as cotações de fechamento para milho e trigo na CBOT:
MILHO DEZEMBRO: U$4,27/bu | variação: +0,29%
TRIGO DEZEMBRO: U$5,71/bu | variação: -0,31%
No Brasil os futuros de milho têm variações positivas para os primeiros contratos, o mercado de físico segue com boa demanda para o mercado interno, a perspectiva é que o comprador acabe ofertando preços mais altos para os próximos dias devido a falta de oferta de venda nos preços atuais.
Corretores da região de Campinas – SP comentam sobre ofertas de compra para o milho disponível na casa dos R$75/saca e vendedores dispostos a negociar a partir de R$77/saca e para o balcão as ofertas estão a R$71 e R$73,50. Na exportação alguns negócios são registrados a R$76, mas para maiores volumes, as pedidas ficam na casa dos R$80.
Acompanhe as cotações de fechamento para milho na B3:
MILHO NOVEMBRO: R$73,52/sc | variação: +1,42%
MILHO JANEIRO: R$: 76,35/sc | variação: +0,90%
Macroeconomia
Dados de exportação chinesa animam mercados na Ásia, a expectativa do mercado para o dado de outubro era de um aumento de 5% e o dado publicado veio muito acima com 12,7%, mostrando que a demanda pelos produtos chineses aumentou em outubro.
Além disso, especialistas consideram que com a vitória de Donald Trump, os estímulos chineses podem ser bem maiores, o que estimularia muito a economia chinesa. Já comentam na possibilidade de estímulos na ordem de 1 trilhão de dólares, o que além de ser bom para a economia chinesa, também é bom para países emergentes que são parceiros comerciais, como é o caso do Brasil.
Nos EUA hoje foi realizado a decisão de taxa de juros e o FED cortou a taxa em 0,25p.p, aumentando a diferença de juros entre o Brasil e EUA. Ontem o banco central brasileiro elevou as taxas de juros em 0,50p.p para 11,25%. Com essas alterações vemos o dólar cedendo em terras brasileiras, a diferença de juros entre os países estimula a entrada de dólares no Brasil.Bolsas globais, principais variações:
ÁSIA/PACÍFICO:CHINA: +2,55% /JAPÃO: -0,09%
EUROPA:ALEMANHA: +1,74%
EUA:SP500: +0,74% /NASDAQ: +1,51%
BRASIL: -0,51%