Em reunião virtual com líderes do Brics, Lula disse que países são vítimas de chantagem tarifária
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (8) que os países do Brics são “vítimas” de práticas comerciais ilegais e de “chantagem tarifária”. Embora não tenha citado diretamente os Estados Unidos ou o ex-presidente Donald Trump, a declaração foi interpretada como resposta ao republicano.
Lula fez o discurso durante uma reunião virtual com os líderes do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O Palácio do Planalto divulgou a fala.
Segundo o presidente, “nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais. A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”.
Ainda de acordo com Lula, sanções secundárias limitam a liberdade dos países em fortalecer o comércio com parceiros. Para ele, cabe ao Brics mostrar que a cooperação pode superar rivalidades.
O presidente destacou que medidas unilaterais colocam em risco princípios básicos do comércio internacional. Para ele, cláusulas como Nação Mais Favorecida e Tratamento Nacional perderam força, o que ameaça o livre-comércio.
Além disso, Lula defendeu que os países do bloco devem chegar unidos à 14ª Conferência Ministerial da OMC, prevista para 2026 em Camarões. Ele afirmou que o Brics reúne condições para liderar uma refundação do sistema multilateral de comércio.
No discurso, Lula também tratou de crises internacionais. Ele defendeu uma solução negociada para a guerra na Ucrânia e condenou as ações militares de Israel nos territórios palestinos. Segundo ele, é urgente pôr fim ao que chamou de genocídio em curso.
O presidente reiterou ainda que o Brasil apoia a Solução de Dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina e anunciou a entrada do país na ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça.
Lula lembrou que os líderes do Brics estarão reunidos novamente em Nova York para a Assembleia Geral da ONU. Ele defendeu ampliar o Conselho de Segurança, incorporando novos membros permanentes da América Latina, África e Ásia.
Por fim, destacou a importância da COP30, que será realizada em Belém, como espaço decisivo para debater a transição ecológica e a governança climática.