Abramilho e Aprosoja discutem com governo argentino estratégias para fortalecer cooperação agrícola e enfrentar barreiras comerciais globais.
A Abramilho e a Aprosoja receberam uma delegação do governo argentino para discutir estratégias conjuntas no setor agrícola. O encontro buscou fortalecer o diálogo e ampliar a cooperação entre os dois países diante de desafios globais. Entre eles estão as barreiras comerciais da União Europeia e as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Participaram da reunião o presidente da Abramilho, Paulo Bertolini, o diretor executivo Glauber Silveira e o diretor técnico Daniel Rosa. Do lado argentino, estiveram presentes o secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Sergio Iraeta, e a presidente do SENASA, Maria Beatriz Giraudo.
Durante o encontro, a Abramilho apresentou iniciativas ligadas ao desenvolvimento sustentável. Além disso, abriu espaço para debater a Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR). Essa legislação impõe novas exigências para importações e classifica países conforme o risco de desmatamento. Atualmente, Brasil e Argentina estão no risco padrão. No entanto, cresce a preocupação de que possam ser classificados como de alto risco em futuras revisões.
Outro tema discutido foram os reflexos do acordo Mercosul-União Europeia. O texto inclui salvaguardas que permitem elevar tarifas de exportação quando o volume ou preço dos produtos do bloco sul-americano afeta o mercado europeu. Desse modo, segundo as entidades, a medida funciona como barreira protecionista. Além disso, favorece uma agricultura fortemente subsidiada no continente europeu.
O chamado “tarifaço” dos Estados Unidos também entrou em pauta. A delegação argentina demonstrou menor preocupação, já que o atual governo mantém proximidade com Donald Trump. Contudo, os argentinos foram alertados sobre a Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana. Essa medida pode acusar países de práticas desleais e, assim, resultar em tarifas adicionais.
Paulo Bertolini aproveitou para destacar a safra recorde de grãos do Brasil em 2024/2025. De acordo com a Conab, a produção total deve atingir 350 milhões de toneladas, sendo 139 milhões de milho. O volume representa aumento de 20,9% em relação ao ciclo anterior. Portanto, segundo Bertolini, é essencial comunicar os avanços do setor e mostrar à sociedade o papel do agro na segurança alimentar mundial.
Por fim, Brasil e Argentina defenderam o fortalecimento do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), que reúne ministros da Agricultura do Mercosul. Para os participantes, a atuação conjunta é fundamental para enfrentar barreiras comerciais. Além disso, garante mais competitividade às cadeias produtivas da região.