A multinacional Danone, através de Nota Oficial, afirmou nesta quarta-feira (29/10) que "continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais".
A informação do boicote veio do diretor de Finanças e Tecnologia de dados da Danone, Juergen Esser, da matriz na França para a agência de notícias Reuters na última quinta-feira. Ele informou que a Danone estava substituindo o Brasil pela Ásia, mas não deu informações de quais países.
Para a agência Reuters, o diretor de Finanças e Tecnologia de dados da Danone, Juergen Esser, da matriz na França afirmou na quinta-feira (24/10) que a empresa estava "com certeza" importando soja da Ásia. "Nós não (obtemos mais soja do Brasil)", disse Jurgen à agência de notícias internacionais.
"Temos um rastreamento realmente muito completo, por isso garantimos que só levamos ingredientes sustentáveis conosco", disse ele Juergen Esser. Segundo a matéria da Reuters, elee não deu mais detalhes sobre quando especificamente a empresa fez a mudança e de quais países da Ásia ela agora compra.
Ela afirmou ainda que "a Danone não está tão exposta ao desmatamento quanto muitas de suas rivais". A soja é usada em cerca de 5% da ração das vacas leiteiras da Danone, já que suas vacas são alimentadas principalmente com capim ou grãos, disse a empresa em seu relatório florestal de 2023.
A Danone informou na época do relatório que obtinha soja para seus produtos Alpro do Canadá, França, Estados Unidos e Itália. A última vez que a Danone detalhou a origem da soja para ração animal por porcentagem foi em 2021, quando disse que o Brasil era responsável por 18% dos volumes de farelo de soja.
Ainda, segundo a Reuter, em 2019, a Nestlé, concorrente da Danone, parou de comprar soja brasileira da gigante de commodities Cargill. Segundo a agência de notícias, a rival Unilever, que usa óleo de soja em seus condimentos Hellmanns e produtos Knorr, ainda compra soja do Brasil e diz que seu fornecedor, CJ Selecta, cumpre com rigorosos requisitos de desmatamento zero.
Como era de se esperar, a notícia repercutiu como uma bomba na classe produtiva brasileira, pois a empresa, que tem um faturamento anual na casa de cerca de US$ 30 bilhões anuais, adquire produtos processados de soja em torno de 262 mil toneladas para suas criações e 53 mil toneladas para produção de leite e iogurtes de soja.
O Governo Federal se pronunciou através do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA), afirmando que o Brasil conta com uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, apoiada por um sistema de comando e controle eficiente e respaldado por uma complexa estrutura de monitoramento e fiscalização.
Já segundo a Aprosoja Brasil,o boicote adotado pela multinacional francesa Danone traz prejuízos para o Brasil e para os brasileiros.
O "desencontro" de informações sobre esse caso mostra como o setor vive uma situação tensa diante das exigências de certificação de origem por países da Europa, que já estão prevendo em lei um boicote à soja brasileira não rastreada.A lei européia prevê multa na hipótese de descumprimento da legislação que ainda nem entrou em vigor, pois depende de aprovação no Parlamento Europeu, que deve prorrogar sua vigência por um ano.