Preços dos CBios se recuperam em setembro, mas alta oferta mantém mercado equilibrado e valores controlados em 2025
O mercado de créditos de descarbonização (CBios) apresentou forte oscilação em setembro, segundo o Radar Agro – Monitoramento RenovaBio, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA. O preço começou o mês a R$ 32, subiu até R$ 50 e terminou próximo de R$ 41 por crédito. Essa recuperação reflete o fim do pessimismo causado pelas novas ações judiciais contra distribuidoras inadimplentes em agosto.
Apesar da reação nos preços, o Itaú BBA destaca que a oferta de CBios continua elevada. O aumento nas vendas de biocombustíveis, sobretudo de etanol, explica esse cenário. O produto se mostrou mais resiliente do que o previsto no início do ano.
Por esse motivo, a consultoria revisou suas projeções. Agora, estima queda de apenas 2% nas vendas de etanol em 2025, em comparação com 2024. Além disso, o etanol de milho deve representar 29% do total, ante 23% no ano anterior.
O relatório indica que a geração total de CBios deve alcançar 41,9 milhões de créditos em 2025. Desse total, 34 milhões virão do etanol, 7,7 milhões do biodiesel — impulsionado pelo início do mandato B15 — e 0,2 milhão do bio-GNV.
A meta do programa RenovaBio para o próximo ano soma 49,5 milhões de CBios. O Itaú BBA prevê que as distribuidoras devem aposentar cerca de 42,1 milhões, enquanto 7,4 milhões podem continuar pendentes. Caso todas as metas sejam cumpridas, os estoques finais cairão de 16,4 milhões para 9 milhões de créditos.
Para 2026, o Itaú BBA projeta crescimento de 7% na geração, totalizando 44,7 milhões de CBios. Do lado da demanda, a meta compulsória deve se manter em 48,1 milhões. Entretanto, os contratos de longo prazo devem aumentar o desconto de meta para 3 milhões de créditos — o dobro do observado em 2024.
Com isso, a consultoria avalia que o mercado deve continuar equilibrado, o que tende a manter os preços em níveis baixos no próximo ciclo.
Na B3, o preço médio do CBio fechou setembro em R$ 41, alta de 26% no mês. Mesmo assim, o valor ficou abaixo dos R$ 50 registrados no pico. O volume negociado cresceu 45% em relação a agosto, somando 8,58 milhões de créditos.
No acumulado de 2025, as negociações chegaram a 63,2 milhões de CBios, número ligeiramente inferior ao mesmo período de 2024. Esse desempenho mostra que, embora o interesse do mercado tenha aumentado, a oferta elevada ainda limita ganhos maiores.
As emissões também mantiveram bom desempenho. Em setembro, o setor registrou 3,44 milhões de CBios depositados, apenas 1% abaixo de agosto, mas 12% acima do mesmo mês do ano passado. No acumulado de 2025, o volume emitido alcançou 31,79 milhões, avanço de 3% frente a 2024.
Enquanto isso, as distribuidoras aposentaram 5,87 milhões de CBios em setembro, totalizando 18,36 milhões no ano-meta. Assim, os estoques do mercado caíram para 30 milhões de créditos, sendo 14,19 milhões nas mãos das partes obrigadas e 15,39 milhões com os emissores.