Plantio de soja em Goiás avança lentamente e preocupa produtores com janela da safrinha
Atraso no plantio da soja em Goiás gera alerta entre produtores e técnicos sobre riscos para o milho da segunda safra
Atraso no plantio de soja em Goiás preocupa produtores. Foto: Sistema Faeg / Divulgação
O Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag) intensificou o monitoramento do plantio de soja na temporada 2025/26. O cenário atual mostra atraso generalizado em comparação à safra anterior e à média histórica. Até esta terça-feira (28), o avanço no Estado chegou a 15,96% dos 5 milhões de hectares previstos. O número é bem inferior aos 36% registrados em nível nacional e já compromete o calendário ideal para a safrinha de milho de 2026.
Chuvas irregulares dificultam o avanço
De acordo com o Ifag, o ritmo lento resulta da transição hídrica atípica observada em outubro. O mês apresentou chuvas irregulares e influência do fenômeno La Niña, que concentra precipitações em eventos curtos e desiguais. “Apesar do fim do vazio sanitário em 25 de setembro, muitos produtores aguardam maior regularidade. Apenas na última semana, com volumes acima de 50 mm em regiões-chave, o plantio avançou de forma mais consistente e alcançou cerca de 800 mil hectares”, explica Leonardo Machado, gerente técnico do Ifag.
Regiões apresentam ritmos diferentes
O Sudoeste goiano mantém o melhor desempenho até o momento. Montividiu já plantou 70% dos 135,2 mil hectares previstos. Em Rio Verde, o índice chegou a 50% dos 430 mil hectares. Mineiros segue com 40% dos 126 mil hectares, enquanto Chapadão do Céu atingiu 30% dos 100 mil hectares.
Por outro lado, o Entorno do Distrito Federal e o Sudeste do Estado continuam com avanços lentos. Cristalina e Luziânia estão em torno de 3%, e municípios como Catalão e Silvânia seguem paralisados. Esses produtores esperam chuvas mais regulares para garantir boa emergência e uniformidade do estande.
Recomendações para reduzir riscos
Diante desse cenário, o Ifag reforça orientações técnicas para mitigar riscos. “Estamos recomendando o escalonamento do plantio e a priorização de cultivares de ciclo médio ou precoce, especialmente para preservar a janela da safrinha de milho”, afirma Machado.
Ele destaca que o atraso da soja pode empurrar o milho para a segunda quinzena de fevereiro. Nesse caso, aumentam as chances de déficit hídrico e de eventos climáticos adversos durante a colheita. Além disso, a preferência do produtor pelo milho na segunda safra permanece elevada, impulsionada pela liquidez e pelas opções de comercialização, como barter e travamento de preços.
Dessa forma, manter o calendário ajustado torna-se essencial para reduzir perdas e aproveitar melhor o potencial produtivo.
Projeções e importância do monitoramento
O Ifag avalia com cautela as projeções nacionais da safra. Enquanto a Conab estima aumento de 3,6% na produção de soja, totalizando 177,64 milhões de toneladas, o instituto goiano prevê incremento mais modesto de 0,5% para o Estado. As incertezas climáticas regionais explicam a diferença entre as estimativas.
“Nossa análise considera não apenas os dados de campo, mas também a variabilidade das condições hídricas”, ressalta Machado. Segundo ele, as condições em Goiás seguem favoráveis, com baixo nível de restrição hídrica. No entanto, a primeira quinzena de novembro será decisiva para consolidar o estande e garantir umidade adequada do solo.
Além disso, o Ifag mantém atualizações diárias por meio de boletins técnicos, parcerias com sindicatos rurais e plataformas digitais. O objetivo é orientar decisões estratégicas dos produtores e fortalecer a cadeia agropecuária goiana com base em informações atualizadas e precisas.




