FPA cobra medidas contra invasões do MST durante audiência com ministro do Desenvolvimento Agrário
Senadores criticam falta de ações do governo e pedem fim da complacência com ocupações de terras no país

Ministro Paulo Teixeira durante audiência na Comissão de Agricultura do Senado, onde foi cobrado por ações contra invasões de terras promovidas pelo MST. Foto: FPA/divulgação

Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (9), senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) cobraram ações efetivas do governo federal para coibir invasões de terras.
O encontro, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e foi convocado pelos senadores Zequinha Marinho (Podemos-PA) e Marcos Rogério (PL-RO), após uma série de ocupações promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no chamado “Abril Vermelho”.
O presidente da CRA, Zequinha Marinho, destacou a necessidade de diálogo sobre a política agrária, especialmente em regiões como a Amazônia, que abriga quase dois mil assentamentos, com 447 mil famílias distribuídas em aproximadamente 70 milhões de hectares. “Esses agricultores precisam de documentação, crédito, políticas de fomento e emancipação”, defendeu.
O ministro Paulo Teixeira apresentou um panorama dos desafios enfrentados pelo setor, citando os efeitos da pandemia, da guerra na Ucrânia e das mudanças climáticas.
Ressaltou o aumento de 43% no Plano Safra 2023/2024 destinado à agricultura familiar e anunciou iniciativas como o programa “Desenrola Rural”, voltado à renegociação de dívidas. Também destacou a meta de incluir 326 mil famílias na reforma agrária, como forma de reduzir conflitos no campo.
Apesar dos dados apresentados, os senadores criticaram a ausência de ações para prevenir novas invasões. Marcos Rogério questionou a criação de novos assentamentos sem revisão dos existentes, citando dados do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontam 205 mil lotes vagos, 17 milhões de hectares ociosos e 580 mil beneficiários com indícios de irregularidade. “É preciso resolver esse passivo antes de avançar com novos assentamentos”, alertou.
O parlamentar também condenou o que classificou como “ações criminosas travestidas de manifestação social” e defendeu o fim da complacência com as ocupações de terra. “Não se pode aceitar que todo abril esse ciclo se repita como se fosse tradição institucionalizada. O Estado precisa garantir segurança jurídica no campo.”
Zequinha Marinho reforçou que, embora a agricultura familiar seja essencial para o desenvolvimento rural, não pode servir de justificativa para atos ilegais. “O Congresso precisa cobrar respeito à lei e ao direito de propriedade.”
Outros senadores também se manifestaram com críticas ao movimento. Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que a reforma agrária tornou-se um processo interminável. “É o dia da marmota eterna. Sempre tem alguém para ser assentado”, ironizou.
Jorge Seif (PL-SC) foi mais enfático e relacionou o MST a práticas como invasão, extorsão, trabalho análogo à escravidão e vandalismo. Ele citou denúncias da imprensa e da CPI do MST de 2023, afirmando: “O MST precisa ser eliminado, coibido, expulso e desmobilizado. São terroristas que só atrapalham o agro”.
Em resposta, o ministro Paulo Teixeira afirmou desconhecer a existência de qualquer grupo terrorista no Brasil e negou privilégios ao MST. Disse ainda que o governo atua dentro dos limites legais e que as invasões são responsabilidade das autoridades estaduais.
O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) reforçou a crítica ao que chamou de “cultura de invasões” e pediu medidas concretas para garantir a paz no campo. “Só em 2025, já foram registradas 30 invasões. Precisamos dar um basta nisso e promover a pacificação no campo.”
Magno Malta (PL-ES) também se posicionou contra as ocupações, chamando-as de ideológicas e lembrando que a Constituição proíbe invasões. “Quem está na terra legalmente é quem paga o preço”, afirmou.
Participaram ainda da audiência os senadores Luis Carlos Heinze (PP-RS), Chico Rodrigues (PSB-RR) e Wellington Fagundes (PL-MT).
