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Queijos e Lácteos 16-08-2022 | 14:31:00

Queijo paranaense premiado mantém tradição holandesa

Dois produtos do queijeiro Sander Verburg, de Arapoti, ficaram em primeiro e segundo lugares do “Campeão dos campeões”, etapa extra do Prêmio CNA Brasil Artesanal


Por: FAEP (Federa


“Até uns dez anos, quando eu saía da escola, ia para a casa da avó. Ela ficava brincando com a gente e, de vez em quando, tinha que sair para virar os queijos. Eu presenciava isso no dia a dia dela. Os queijos desde sempre estiveram na minha família. Mas era uma produção mais voltada à família”, conta o queijeiro Sander Verburg. “A minha avó ensinou todas as noras a fazerem o queijo. Assim, a minha mãe [Gezina Willemina] aprendeu a receita”, acrescenta Verburg.
Dez anos atrás, Gezina começou a produzir em maior escala, para comercializar. “A minha mãe viu que poderia ganhar um dinheiro com os queijos, que ela tinha como hobby”, diz Verburg. Por essa época, o produtor rural, que tinha acabado de se formar em Engenharia Ambiental, se mudou à Holanda, onde fez um curso de pós-graduação. Lá, Verburg se casou e teve dois filhos. Em 2020, decidiu que voltaria ao Brasil com a família, para ajudar na produção de queijos. Antes, no entanto, fez um estágio em uma queijaria holandesa.

“No ano retrasado, minha mãe tinha expandido a produção. Aí, surgiu a ideia de eu voltar ao Brasil e me dedicar aos queijos. Minha mulher, Miriam, aprendeu a receita e estamos todos envolvidos na produção”, reforça. “A nossa queijaria, a Queijos Corbélia, é uma homenagem à minha avó”, observa.

Prêmio
A arte de produzir queijos teve reconhecimento no final de junho. Dois queijos artesanais produzidos por Verburg – que tinham sido vencedores em suas respectivas categorias do Prêmio CNA Brasil Artesanal, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – foram os mais bem avaliados – ficaram em primeiro e em segundo lugares numa etapa extra do concurso, chamada de “O campeão dos campões”.

Para essa etapa extra do prêmio, foram avaliados os queijos que ficaram na primeira e segunda colocações nas três categorias do Prêmio CNA Brasil Artesanal. Ao longo do evento, os convidados participaram de uma degustação, sem ter acesso a informações do produto e sem saber quem produziu. Após provar os queijos concorrentes, eles votaram de forma secreta, depositando o voto em uma urna. O vencedor foi o Queijo Cornélia maturado, produzido por Verburg. O Queijo Cornélia condimentado, também do queijeiro paranaense, ficou em segundo lugar.

“O nosso queijo é tipo gouda, produzido com leite cru, o que dá um sabor bem autêntico ao produto. O segredo do nosso queijo também está na etapa anterior: o leite, a alimentação das vacas, o tratamento que damos a elas”, aponta Verburg. “O nosso condimentado leva feno grego, que é um condimento que conhecemos na Holanda. Dá um sabor de nozes ao queijo”, explica Verburg, que viajou a Brasília acompanhado da mãe, Gezina Willemina, que o ensinou a fabricar queijos. Como premiação, Verburg e Gezina ganharam uma desnatadeira, R$ 6 mil em cada categoria, além de um curso do Sebrae Empretec.
Quando decidiu participar do Prêmio CNA Brasil Artesanal, a ideia de Verburg era usar a competição como uma espécie de termômetro. “Eu queria colocar os nossos queijos à prova, saber como ele se sairia em uma avaliação técnica, como seria a aceitação”, aponta. Para isso, o queijeiro se inscreveu em duas categorias: natural, entre 30 e 180 dias de maturação; e artesanal aromatizado ou condimentado. Os queijos foram avaliados com outros 90 participantes do Prêmio CNA Brasil Artesanal, que levou em consideração critérios de degustação, técnicos e históricos de cada produto.

Diversificação

A família, no entanto, não vive só dos queijos. Os Verburg mantêm um plantel de 150 vacas, que produzem, em média, 4 mil litros de leite por dia. “Quando vamos fazer queijo, informamos a minha irmã, que cuida da parte de leite. Ela faz a seleção das vacas que produzem o melhor leite”, conta Verburg. De olho na otimização dos processos, o queijeiro tem a especialização contínua em seu horizonte.
“Como eu voltei da Holanda no ano retrasado, ainda não deu tempo de fazer novos cursos, mas isso está nos meus planos. A gente sabe do trabalho importante que o SENAR-PR faz. Vou procurar algum título relacionado a gestão de propriedade e à produção de leite”, diz.



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