O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio Pitangui de Salvo, afirmou na terça (31), no 2º Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, realizado na Câmara dos Deputados, que os produtores brasileiros estão sufocados com o aumento excessivo das importações do produto em pó subsidiado, que vem principalmente da Argentina.
O encontro, realizado pela Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL), com o apoio da CNA, Faemg, OCB e Abraleite, reuniu centenas de produtores de Goiás, Minas Gerais e de outras regiões do país, além de representantes de entidades e parlamentares ligados ao agro para debater a situação do setor lácteo no país.
“Precisamos que os parlamentares apertem o cerco para que isso não continue. Não temos mais prazo de sobrevivência, não suportamos mais. O ato de hoje mostra que de agora em diante nós vamos andar juntos”, afirmou.
O presidente da Faemg destacou a presença dos produtores e presidentes de sindicatos e que muitos se deslocaram de longe porque confiam no trabalho da CNA e das federações. “Precisamos continuar produzindo para o Brasil, abastecendo os nossos supermercados”.
“O leite deve alcançar o status de política de Estado e ser reconhecido em todas as suas particularidades. Os produtores merecem ser valorizados. Sem atropelos, sem concorrência desleal e sem manipulação externa de preços com subsídios venceremos esses ciclos danosos que corroem a atividade leiteira”.
Durante o evento, o vice-presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Jônadan Ma, apresentou dados que mostram os impactos negativos das importações de leite em pó na cadeia produtiva brasileira.
“Nós estamos vivenciando 13 meses de importações agressivas, predatórias e desleais do leite e isso está acabando com a cadeia leiteira do Brasil. Essa importação desenfreada é na ordem de 200 milhões de litros por mês, o que representa 10% do leite consumido no país”, explicou.
Jônadan informou aos parlamentares que os produtores de leite tiveram redução de custos de produção, mas a queda da receita está próxima de 30%. “Não tem caixa e bolso que consigam suportar. Estamos trabalhando hoje com margens negativas”.
O vice-presidente citou três pleitos prioritários do setor, sendo eles: acabar com as importações subsidiadas da Argentina; adotar medidas compensatórias ou salvaguardas imediatas; criar um plano nacional de renegociação de dívidas de produtores de leite e a execução de compras de leite e inserção nos programas sociais.
Pela manhã, a CNA promoveu, na sede da entidade, um café da manhã com parlamentares, representantes de entidades, Federações estaduais de agricultura e pecuária, sindicatos rurais, cooperativas e produtores rurais, que serviu de preparação para o 2º Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite.