Queijos e Lácteos
13-12-2021 | 17:00:00
Por: FAEP (Federa
Paranaense fica em 2º lugar em concurso internacional de queijos
Premiação foi realizada na França. Queijo é fabricado no Norte Pioneiro, por produtor familiar que se estruturou na atividade com apoio do SENAR-PR
Por: FAEP (Federa
“Foi como se tivesse sido o ouro. É uma conquista improvável para a região e muito importante por colocar o queijo paranaense no cenário internacional”, diz Martins.
Na Fazenda Sítio Aliança, Martins e a família se dedicam à produção de 70 quilos de queijos artesanais especiais por dia. O leite utilizado também provém da propriedade, em que os pecuaristas mantêm 38 animais da raça Jersey, das quais 18 em lactação – e que produzem 380 litros por dia. “O leite que sobra da produção de queijos, a gente comercializa com a [cooperativa] Capal”, explica Martins.
O processo de criação dos animais à fabricação dos derivados é todo familiar. Martins e a mulher, Marisa, produzem os queijos, enquanto os filhos Lucas e Daniela cuidam do trato e da ordenha dos animais. “O nosso plano não é aumentar muito a produção, mas agregar valor. A gente quer fazer um queijo especial, personalizado, para atender a um público mais sofisticado. Tudo de forma profissional e trabalhando com a família”, conta Martins.
Medalha de prata, o Maná Concafé Gourmet, por exemplo, é um queijo maturado com 30 dias, produzido com cafés especiais da região do Norte Pioneiro. Outro detalhe que faz a diferença é o leite do Sítio Aliança, com proteínas e gordura na medida certa. “É um queijo que tem a maciez do leite Jersey, que é de altíssima qualidade. Dá aquele gostinho característico, com o plus do gostinho do café. Eu diria que aconteceu a química perfeita”, define o queijeiro.
Trajetória
Nascido em Jaguariaíva, nos Campos Gerais, Martins nem sempre foi produtor rural. Com formação de técnico agrícola e em administração de empresas, por 12 anos ele exerceu o cargo de comprador de leite pela Parmalat. Em 2003, no entanto, decidiu dar uma guinada em sua vida. Desligou-se da multinacional e comprou o sítio em Santana do Itararé. “Eu estava cansado de viajar pelo Brasil. Com dois filhos pequenos, eu queria ficar perto da família.
Comecei com sete vacas, com a ideia de focar em leite. O queijo nem passava pela minha cabeça”, conta.
Foi aí que o SENAR-PR entrou na trajetória do produtor. Martins frequentou vários cursos, com o objetivo de se profissionalizar em todas as etapas da pecuária de leite. Entre as capacitações em que foi diplomado, está a de pastagem, de boas práticas de ordenha, de manejo e de higiene. “São saberes que eu fui aplicando e que trago até hoje. Para a produção dos meus queijos, o leite tem que ser excepcional, com ótimos teores de proteína e de gordura. Foi muito importante”, revela.
Apesar de conduzir bem o negócio, em 2017, por causa da crise do setor lácteo, Martins quase foi à falência. “Eu estava à ponto de largar tudo”, resume. Foi então que os queijos, que eram produzidos para consumo próprio, passaram a ser encarados como uma alternativa econômica. Os produtos da família Martins passaram a ser vendidos na Feira Municipal do Produtor, em Santana do Itararé. Ali, os produtores viram que os derivados poderiam ser uma boa saída.
“Estávamos passando por dificuldades tremendas. E o queijo nos salvou. Fazíamos três peças por dia e, com a feira, passamos a fabricar 70. E vendíamos tudo”, relembra. “A gente chegou no fundo do poço. Mas o fundo do poço não é o fim da vida. Foi ali que vimos que o queijo era a nossa oportunidade”, acrescenta.
No ano seguinte, em 2018, outro acontecimento importante mostrou que Martins estava certo em apostar na produção de queijos especiais. Um de seus produtos venceu a etapa regional do concurso estadual. Na fase final, a família Martins ficou em segundo lugar, entre 157 concorrentes. “Nós só perdemos para um queijeiro experiente, que já tinha anos de estrada”, afirma. “O queijo foi a nossa luz. Vamos continuar fazendo tudo direitinho e levando o nome do Paraná a outros lugares. Somos um Estado que produz queijos excelentes, de padrão internacional”, conclui.