A situação da pecuária leiteira do Brasil é a pior de toda a sua história. A conclusão é de líderes de entidades que representam o setor e que apontam, em números, a crise que o setor enfrenta. Em um ano, a perda de valor do litro de leite chegou a 23,3%, segundo dados do Cepea.Enquanto o preço do leite captado em janeiro registrou a terceira alta consecutiva, de 4,5% na média nacional, também segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os custos de produção também subiram.
No mês passado, o litro chegou a R$ 2,1347, mas ainda está 23,3% abaixo do valor de janeiro de 2023, em termos reais.
Além da baixa valorização e dos desafios acentuados das variações climáticas, o setor ainda enfrenta a concorrência desleal da importação de leite do Mercosul. “A importação continua alta. É difícil saber se a nova regra vai ou não funcionar”, disse Geraldo Borges, presidente da Abraleite, ao jornal O Globo.
A referência é a decreto do governo federal que abre margem de crédito tributário a laticínios que comprarem apenas leite de pecuaristas nacionais, de 20% atuais para 50%. O decreto começou a valer em fevereiro.
Outro problema é o excesso de oferta de leite no mercado interno, o que deixa laticínios em situação mais confortável para pressionar preços para baixo. A captação de leite entre novembro e janeiro deste ano caiu 4,1%, deixando o produto "sobrar" nas fazendas.Para Marcos Tang, presidente da Gadolando, entidade que agrega produtores do Rio Grande do Sul, a saída é um aumento do consumo interno de leite e derivados. A diminuição de tributos cobrados pelo governo federal, como PIS e Cofins, poderia contribuir com a redução de preços ao consumidor, segundo disse Tang ao Canal Agro BR.
Sobra nas fazendas