Sexta-feira chega ao seu final com
poucos negócios no mercado do boi gordo, em linha de estabilidade na
semana. A média das escalas de abate permanecem acima de 10 dias nas
principais praças produtoras, a indústria frigorífica tenta a
pressão, propõe preços abaixo da referência, com eventual
resultado favorável, mas que esbarra, na maior parte das vezes, na
resistência do pecuarista brasileiro, que se retira das vendas
quando o cenário de preços piora.
Se olharmos para algumas variáveis
deste mercado, podemos dizer que pesa sobre ele a expectativa de
abates ainda mais volumosos em 2024; a participação de fêmeas nas
salas de matança ainda muito consistente neste ano; a China com
habilitação massiva de indústrias frigoríficas no Brasil (estes
três primeiros itens eu já comentava nesta última quinta-feira); a
seca que logo começa se apresentar e também as sinalizações no
mercado futuro do boi, nada animadoras.
O volume de abates no Brasil nos
primeiros meses do ano, de acordo com os relatórios SIF, são
maiores que no mesmo período sazonal dos últimos anos. A afirmação
confirma a expectativa lançada pelo Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (em Brasília), na qual se estima recorde de
exportação e consumo interno de carne bovina. Contudo, a minha
preocupação é em torno das margens do pecuarista brasileiro. A
tonelada da carne bovina exportada ou não está cada vez barata e
quem tem ficado com quase a totalidade da conta é o produtor rural
do Brasil.
Quando a seca vier, podemos ter um
cenário volumoso de animais indo para o abate, como normalmente
ocorre em proporções variáveis a cada ano. Ano passado foi em
agosto. Neste ano, conversando com muitos especialistas, a média de
entendimento é ser entre maio e junho. Há uma clara percepção que
a depressão será menor do que a do último ano, mas o produtor
rural precisa estar atento.