Alívio no setor de hortifrútis com fim do tarifaço e expectativa de retomada das exportações aos EUA
Após queda acentuada nos embarques e nos preços de manga, castanha-do-pará e outras frutas, produtores voltam a projetar crescimento no mercado norte-americano.Após queda acentuada nos embarques e nos preços de manga, castanha-do-pará e outras frutas, produtores voltam a projetar crescimento no mercado norte-americano
Exportações de hortifrútis retomam ritmo após fim do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Foto: Abrafrutas / Divulgação
O setor de hortifrútis comemora o fim do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. A cobrança, que vigorou entre agosto e novembro, reduziu volumes embarcados e derrubou preços recebidos pelos produtores. Agora, com a normalização das operações, o mercado projeta retomada gradual dos negócios e competitividade renovada.
Entre agosto e outubro, a manga liderou os impactos negativos. Embora o Brasil tenha embarcado 41% mais volume para os EUA, 31,8 mil toneladas ante 22,6 mil no ano passado, o preço médio despencou de US$ 1,30 para US$ 0,78 o quilo, queda de 40%. Como resultado, o faturamento recuou de US$ 29,4 milhões para US$ 25 milhões no período.
A castanha-do-pará foi a mais afetada em volume: os embarques caíram 94%, de 367,6 toneladas para apenas 21,6 toneladas. Outros produtos agrícolas também sentiram os efeitos da tarifa. As exportações de uvas diminuíram 67%, enquanto o valor do quilo comercializado caiu 15%. No café, a queda foi de 39,6% em volume enviado ao mercado norte-americano. Já no gengibre, a retração atingiu 22% em volume e 37% em receita.
Para o country director da Ascenza Brasil, Renato Francischelli, a retirada da tarifa devolve fôlego às exportações.
“O mercado norte-americano é estratégico para as frutas brasileiras. Sem a sobretaxa, há mais espaço para escoamento, preços mais estáveis e segurança para manter a produção. Para muitos produtores, isso pode representar a diferença entre investir ou recuar”, afirma.
Durante o tarifaço, exportadores precisaram buscar caminhos alternativos para não paralisar embarques. Europa, Ásia e América do Sul ampliaram compras de frutas brasileiras, garantindo fluxo mínimo de comercialização. Francischelli destaca que muitos aceitaram margens mais baixas para preservar contratos, ritmo produtivo e presença nas gôndolas dos EUA.
Agora, as expectativas se voltam à normalização dos preços e ao reposicionamento do mercado ao longo dos próximos meses.
Recuperação em andamento
A tarifa norte-americana vigorou entre 6 de agosto e 20 de novembro. Nesse intervalo, as vendas brasileiras para os EUA caíram sucessivamente: 16,5% em agosto, 20,3% em setembro e 37,9% em outubro. Ainda assim, o comércio exterior do Brasil registrou crescimento de 9,1% em outubro sobre o ano anterior, alcançando recorde para o mês desde 1989.
