Com o título “Insumos & Lucro”, a SIA - Serviço de Inteligência em Agronegócios - debateu a crise internacional, o preço dos insumos para o produtor rural e alternativas viáveis. O olhar sobre o mercado foi do economista da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Tarcísio Minetto, e do consultor técnico da SIA Paulo Vieira. O evento virtual ocorreu no canal de YouTube da empresa, nesta segunda-feira, dia 21 de março.
Armindo Barth Neto, coordenador de negócios da SIA Brasil, abriu a live apresentando o cenário atual, onde 76% da matéria prima - fertilizantes e defensivos, são originários da Rússia, China e Índia, todos países que passam por crise na matriz energética e a recente guerra com a invasão da Ucrânia que impactam o mercado brasileiro. “Só no caso do potássio, 26% do que consumimos vem da Rússia e 18% da Bielorrúsia”, destacou. Ele lembrou também a flutuação do câmbio, principalmente no segundo semestre de 2021, e a crise logística que o mundo passou com o acidente no Canal de Suez e com a destinação dos navios para o transporte prioritário de insumos para a saúde com a pandemia por Covid-19.
Tarcísio Minetto destacou que este aumento de preços já foi visto em 2008. “No que se refere aos fertilizantes, o que estamos passando é similar ao que vivemos 14 anos atrás. É cíclico”, ressaltou. Também lembrou que o setor agro do Brasil é diferenciado, que alguns fatores saem da porteira. “É claro que a Covid ajudou a complicar mais a situação do campo mas, por outro lado, o mercado não é perfeito. Eu acredito que no contexto atual da guerra da Rússia com a Ucrânia, não teremos falta de insumos, mas escassez”, concluiu.
Para o consultor Paulo Vieira, o importante é o produtor olhar para o seu negócio com uma lupa. “Antes dizíamos que se o produtor estivesse organizado, teria lucro. Agora, é preciso conhecer bem seu negócio e saber onde pode apertar, com lucidez”, esclareceu.
Vieira deu um exemplo com relação ao produto que ainda se acumula no solo, como alternativa. "Dentro dos “X” hectares de lavoura de inverno, é bom eu saber o que são áreas de primeiro ano, que estão indo para o segundo e terceiro ano, onde teve extração de nutrientes, onde o produtor vai criar cenários para saber em que local é necessário usar nitrogênio, onde nessa área potássio não é o problema”, concluiu.
Minetto, por sua vez, reforçou que este é o momento de ser assertivo. “Vai ter um pouco de custo, mas tu tens aí hoje a agricultura de precisão, a digital, que pode contribuir. É como a análise de conformidade, onde o custo é pouco perto do investimento que tu fazes em fertilizantes”, ressaltou.