A Agrobalsas, evento que acontece na Fazenda Sol Nascente, no município de Balsas, no Sul do Maranhão, de 16 a 20 de maio, tem um agenda de pré-eventos de temas de grande interesse do Estado. Nesta segunda-feira, dia 15/05, no auditório da Fazenda Sol Nascente aconteceu o “2º Fórum Regional de Desenvolvimento da Pecuária e Agroindústria Sustentável com Ênfase a Sanidade dos Produtos”. O tema central do fórum foi discutir como está o processo para o Maranhão conseguir o status de Estado livre de febre aftosa sem vacinação.
Participaram do evento João Eduardo Pires, responsável técnico do Programa de Vigilância da Febre Aftosa no Tocantins; Dr. Francisco Pugliesi, presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA (Comissão Nacional de Agricultura); Raimundo Coelho de Souza, presidente da FAEMA (Federação da Agricultura do Estado do Maranhão); Diego Sampaio, presidente do Sindicato dos Servidores da Fiscalização Agropecuária do Maranhão; Gisela Introvini, superintendente da FAPCEN (Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte), além da participação, por web-conferência, de Nilton Antonio de Moraes.
João Eduardo Pires, responsável técnico do Programa de Vigilância da Febre Aftosa no Tocantins, levou aos participantes as informações e experiência do Estado do Tocantins, que já conseguiu a retirada da vacinação no Estado, pré-requisito para conseguir o status. “O Estado de Tocantins está agora nessa fase de monitoramento, que dura dois anos. Se após esse período não for detectado nenhum caso da doença no Estado, aí sim o Ministério da Agricultura concede o status final de Estado livre de febre aftosa sem vacinação”, afirma João.
ASSISTA A ENTREVISTA COM JOÃO EDUARDO PIRES:
Cinco Estados brasileiros (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Acre e Roraima) e duas regiões (Sul do Amazonas e leste do Mato Grosso) já possuem o status de Livre de Febre Aftosa sem Vacinação. Em sua palestra, João Eduardo Pires enfatizou a importância do papel do Estado e dos pecuaristas nesse processo. “O Estado do Maranhão é estratégico para a região, pois faz fronteira com Tocantins”, afirmou João Eduardo.
Nilton Antônio de Moraes, coordenador da Divisão de Prevenção e Vigilância Animal I (DVIG 1) e coordenador geral de Prevenção e Vigilância em Saúde Animal (CGVSA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), partipou através de videoconferência e falou sobre os desafios que o Maranhão enfrenta para conseguir suspender a vacinação no Estado. Segundo ele é preciso educar, mostrar e levar conhecimento para os produtores com maestria. “Temos que nos tornar capazes e competentes nesse processo. O setor ainda se comunica muito mal e muito pouco”, afirmou. Para ele é preciso neste processo buscar capacitar os profissionais, técnicos, professores e alunos no Estado.
E também é preciso mostrar ao setor os ganhos com a consolidação da condição sanitária no Maranhão. A abertura de novos mercados é resultado disso, como é o caso do México, que recentemente começou a exportar carne bovina brasileira.
“O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento trabalha para toda a sociedade, trabalha para o bem do produtor, quer que a pecuária gere benefícios para o Estado, que são convertidos também melhora da saúde pública, geração de empregos, renda e segurança alimentar”, afirmou Nilton.
Ele também apresentou números do setor no Valor Bruto da Producao de 2022, onde a pecuaria foi responsável por R$ 374,2 bilhoes. “Somente em bovinos foram R$ 172 bilhoes em 2021. Em 2022 foram exportadas 2,26 bilhóes de toneladas, cerca de 25% da produção, que gerou 13 bilhões de dólares de receitas para o país. A pecuária ainda gera cerca de 3 milhoes de empregos diretos e mais de 1 milhão de vagas de trabalho na agroindústria. Segundo o MAPA, o Brasil possui hoje o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 230 milhoes de cabeças.
Francisco Pugliesi, presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA falou sobre a importância da entidade nas conquistas da pecuária e de todo o setor no Brasil. Francisco apresentou números do agronegócio nacional que mostram que entre os R$ 45 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB), 27% são da pecuária. Somente a agropecuária é reponsável por 25% do PIB.
Ele também enfatizou o papel do pecuarista na sustentabilidade da cadeia produtiva, com o crescimento acelerado da Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), evidência clara da preocupação do pecuarista com o meio ambiente.
Outro ponto destacado pelo representante da CNA foi a imagem errada do pecuarista brasileiro que é levada para o exterior. “Para os europeus, toda carne produzida no Brasil vem da Amazônia e isso não é verdade”, salienta. E o que é preciso enfatizar lá fora onde fica localizada a Amazônia é que existem leis que permitem a produção pecuária na região. “É claro que existem problemas com pecuaristas produzindo ilegalmente, mas isso já um problema da fiscalização”, salienta. Para ele, a grande maioria dos pecuaristas preservam o meio ambiente, preservam as nascentes e produz com sustentabilidade.
Margarida Prazes, coordenadora do Programa de Combate à Febre Aftosa da AGED (Agência Estadual de Defesa Agropecuária) do Maranhão, explica que o Estado é considerado livre de febre aftosa com vacinação. Ela afirmou que o Estado está se adequando às quatro grandes exigências do MAPA para conseguir tonar esse esse status sem a vacinação.
A primeira exigência é ter a geolocalizacão de 70% das propriedades e o Maranhão já tem 80%. A segunda é passar por uma auditoria do MAPA, que vai acontecer em julho de 2023. A terceira é execução do Plano Estratégico, que já está em 80% no Estado. E a quarta é a criação de um fundo privado, o FUNDEPEC, no qual o produtor faz a contribuição quando emite o GTA (Guia de Transporte Animal). “O fundo é importantissimo porque garante, em caso de emergência, a indenização do pecuarista na ocorrência de um caso”, afirma.
Segundo ela o Estado hoje tem 10 milhões de cabeças de gado. O Plano Estratégico do MAPA impõe 42 ações para serem cumpridas pelos Estados para que consigam retirar a vacinação. “Os esforços agora são para que em novembro de 2023 o MAPA libere para que o Maranhão pare de vacinar seu rebanho. A partir daí começa a correr o prazo de até 2 anos para se monitorar o rebanho. Se nenhum caso for registrado nesse período, daí sim o Estado se torna definitivamente livre da doença sem vacinação”, informa.
No final do evento foi feito um debate entre todos os participantes do Fórum, que discutiram o tema e buscaram as soluções e a troca de informações sobre a importância da pecuária para o Estado do Maranhão.
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