Uma pesquisa inédita realizada realizada pela
Esalq-Log (USP) com produtores rurais de todas as regiões do Brasil traçou um perfil completo da armazenagem de grãos dentro das propriedades rurais do país. A pesquisa faz parte do “Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil”, um amplo estudo da
CNA (Confederação Nacional da Agricultura) sobre uma das principais atividades primárias da logística. O setor é fundamental para a competitividade dos produtores e do agro brasileiro.
Inédita, a pesquisa ouviu 1.065 produtores rurais, de todas as regiões do país, o que permitiu traçar o perfil da armazenagem no campo, o perfil de quem utiliza esse tipo de infraestrutura na fazenda, fora da fazenda, em silo bag, e recomendações desses usuários para incentivar e expandir o uso da armazenagem. Os questionários foram respondidos no final de 2022.
O Estado do Tocantins, através da
FAET (Federação da Agricultura do Estado do Tocantins) foi o que mais mobilizou produtores de diversas regiões para contribuírem com o levantamento e a participação do estado foi a mais expressiva do país.
O superintendente da entidade, Frederico Sodré destacou a participação dos produtores do Estado. “Nosso objetivo foi gerar dados com o melhor nível possível de precisão, porque sabemos da relevância desta pesquisa”, afirmou.
“Essa pesquisa pode nos ajudar a sensibilizar as instituições a estimularem o investimento na armazenagem com linhas de crédito atrativas” FREDERICO SODRÉ – FAET
Ele enfatizou que os produtores que conseguem controlar seus estoques tem mais poder de negociação de sua safra e, por conta disso, podem obter mais ganhos.
Para o presidente do Sistema Faet/Senar Tocantins, Paulo Carneiro, com um mercado instável o produtor precisa de instrumentos para garantir boa lucratividade nos seus negócios e uma armazenagem de grãos própria pode ajudar muito neste contexto.
Resultados
A maior parte dos produtores ouvidos diz que investiria em armazenagem se tivesse taxa de juros atrativa. 72,7% demonstrou interesse em investir na armazenagem por meio de um crédito com taxa de juros atrativas.
A pesquisa revela também que a maior parte dos produtores rurais quer expandir a capacidade estática de armazenagem. 54,0% dos produtores disseram ter interesse para comportar o aumento da produção própria, 15,9% para atender terceiros e produção própria e 30,1% não tem interesse.
As regiões com maior interesse em expandir a capacidade estática de armazenagem são o Norte (82,7%), Centro-oeste (78,4%) e Matopiba (73,3%).
Uma das principais constatações da pesquisa é que a armazenagem traz ganhos econômicos ao produtor rural. Quando questionados sobre o ganho econômico médio com o uso do armazém, nas últimas três safras, comparado ao preço médio na época de colheita, 40,8% teve ganho entre 6% e 20%.
Os volumes da safra de soja e da segunda safra de milho tendem a ter um benefício econômico em uma janela de comercialização tardia, consequência da dinâmica dos reajustes de preços. Outro principal ganho está relacionado à redução no custo do frete, já que no pico do escoamento da safra brasileira de grãos, o valor do frete aumenta, diante da alta demanda.