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15% da produção mundial de grãos é perdida ao longo de toda a cadeia de abastecimento

Deficiências na armazenagem, transporte e de armazenamento são os fatores que levam o Brasil a perder 36,7 milhões de ton de grãos

Redação RuralNews
Publicado em 10/01/2025 | 05:43:00 153 Views
O Brasil, um dos maiores produtores globais de grãos, enfrenta desafios significativos relacionados ao armazenamento adequado de milho e soja, grãos essenciais para a economia nacional e a segurança alimentar global. Porém, o déficit estrutural de unidades armazenadoras e as condições climáticas tropicais do país elevam o risco de perdas consideráveis durante o armazenamento.

Dados do compêndio "A Perda de Grãos no Brasil e no Mundo: dimensão, representatividade e diagnóstico", elaborado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e publicado no ano passado, ilustram a gravidade do problema.

Entre 2000 e 2020, a produção mundial de arroz, cevada, milho, soja e trigo somou 50,7 bilhões de toneladas, com o Brasil ocupando o 4º lugar entre os maiores produtores, respondendo por 6,2% da produção global. Apesar disso, perdas significativas na cadeia produtiva continuam sendo um desafio, com impacto econômico e energético, além de comprometerem a segurança alimentar global.

Apesar da significativa variação nos índices de perdas de grãos no mundo, o estudo aponta que, em média, 15% da produção mundial de grãos é perdida ao longo de toda a cadeia de abastecimento, desde a colheita até o consumidor final.

Em 2020, por exemplo, o estudo detalha que o Brasil teve uma produção estimada de 244,8 milhões de toneladas de arroz, milho, soja e trigo, que representaram naquele ano aproximadamente 95% da produção nacional de grãos. Se tomarmos como base esse percentual de 15% de perdas, o montante perdido no Brasil foi de 36,7 milhões de toneladas.
O Brasil ocupa o 4º lugar entre os maiores produtores mundiais de grãos, respondendo por 6,2% da produção global

Em termos monetários, na época isso representaria R$84,8 bilhões, o que equivalia à compra de 134,8 milhões de cestas básicas. Esses números demonstram a magnitude do desperdício e o impacto potencial que poderia ser evitado com o uso de boas práticas e tecnologias adequadas.

O problema no armazenamento

Devido à falta de infraestrutura adequada e à obsolescência de muitas unidades armazenadoras, uma parcela considerável dos grãos é mantida em condições inadequadas, como a céu aberto. Essa prática, agravada pela alta umidade e temperaturas elevadas, favorece o crescimento de fungos e a produção de micotoxinas, compostos químicos nocivos que prejudicam a qualidade dos grãos e podem inviabilizá-los para o consumo humano e animal."As condições de armazenamento no Brasil não evoluem na mesma velocidade da melhoria genética dos grãos, que oferecem maior produtividade por hectare. Por isso, os cuidados no armazenamento são ainda mais necessários", ressalta o especialista Fabrício Hergert, gerente técnico de fábricas e grãos.
Fabrício Hergert é gerente técnico de fábricas e grãos
Fabrício Hergert é gerente técnico de fábricas e grãos

Entre as orientações técnicas, Hergert destaca o controle rigoroso de temperatura e umidade como práticas fundamentais. "A temperatura elevada aumenta a atividade metabólica dos grãos, promovendo aumento da respiração e a geração de dióxido de carbono, o que acelera a deterioração e a proliferação de fungos", alerta.

No entanto, ele destaca que boas práticas de armazenagem, combinadas com tecnologias modernas, podem mitigar esses problemas e preservar a qualidade dos grãos.Com estudos indicando que será necessário aumentar a produção global de alimentos em 70% até 2050 para atender à crescente demanda populacional, minimizar perdas se torna uma prioridade estratégica.

A Conab destaca que os grãos são a principal fonte de energia alimentar mundial, reforçando a relevância de ações integradas para reduzir desperdícios.“Com o uso de tecnologias modernas e a adoção de boas práticas, o Brasil tem a oportunidade de melhorar significativamente a eficiência no armazenamento de grãos, reduzindo perdas e consolidando sua posição como líder na produção agrícola global", conclui Hergert.

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