Preços do açúcar enfrentam oferta alta no Brasil e demanda da China mantém cotações entre 15 e 17 c/lb
No início de setembro, os preços do açúcar bruto caíram acentuadamente. Isso ocorreu devido à expectativa de maior disponibilidade no Brasil e aos dados dos relatórios da Unica. Além disso, as usinas priorizaram a produção de açúcar em vez do etanol, aumentando a oferta no mercado.
Outro fator importante foi a perspectiva positiva para o Hemisfério Norte. As safras de cana na Índia e na Tailândia tiveram boas chuvas, pressionando ainda mais os preços. Por isso, o contrato de outubro atingiu 15,55 c/lb, a menor cotação em dois meses.
Nos dias seguintes, os preços apresentaram leve recuperação. Isso ocorreu devido à paridade mais favorável para o etanol no Brasil, especialmente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Entretanto, até o fim de agosto, o mix de açúcar ainda predominou. Segundo a Unica, a produção de etanol atingiu 2,42 bilhões de litros na segunda quinzena de agosto, totalizando 18,48 bilhões no acumulado, queda de 10% frente ao ciclo anterior.
O último relatório da Unica destacou um mix de açúcar elevado no país. Na primeira quinzena de agosto, o mix atingiu 55%, e na segunda, 54,2%. Portanto, a Hedgepoint Global Markets mantém a estimativa de 52% de mix para a safra 25/26, acima dos ciclos anteriores.
Além disso, dados do TCH divulgados pelo CTC em 15 de setembro indicaram condições melhores do que o esperado para a segunda metade da safra. Apesar da produtividade média em agosto de 77,5 t/ha apresentar queda de 1,6% frente a 2024, a diferença ano a ano diminuiu em relação aos meses anteriores, que chegavam a 10-11%.
A moagem de cana-de-açúcar atingiu 50,06 milhões de toneladas na segunda quinzena de agosto, aumento de 10,68% frente ao mesmo período do ano passado. Isso reforça a expectativa de moagem maior no segundo semestre, com previsão total de 605 milhões de toneladas.
Mesmo com ATR quinzenal de 149,79 kg/t (-3,89%), o mix de 54,2% sustentou a produção de 3,8 milhões de toneladas de açúcar, aumento de 18,2% sobre o ano anterior. Assim, o total acumulado da safra 25/26 chegou a 26,76 milhões de toneladas, reduzindo o déficit em relação ao ano anterior de 4,67% para 1,92%. A previsão da Hedgepoint permanece em 40,9 milhões de toneladas no ciclo total.
A perspectiva de abastecimento confortável dificulta alta acima de 17 c/lb. No entanto, a arbitragem chinesa mantém os contratos acima de 15 c/lb. Em julho, as importações da China somaram 740 mil toneladas, um recorde para o período.
Espera-se que a China compre volumes maiores do que projetado, mesmo com forte produção doméstica. A Hedgepoint estima importações de 4,6 milhões de toneladas de açúcar bruto e pelo menos 1 milhão de toneladas de xarope em equivalente de açúcar. Além disso, o contrabando pode ter impacto, como em anos anteriores.
Dessa forma, a arbitragem internacional e a demanda chinesa ajudam a sustentar os preços entre 15 e 17 c/lb. Apesar da tendência baixista, a expectativa é de mix elevado e moagem total de 605 milhões de toneladas, com produção de 40,9 milhões de toneladas de açúcar.