México supera Brasil em exportação de suco concentrado para EUA
Produto mexicano, sem taxa de US$ 415 por tonelada, que é imposta ao brasileiro, ganha mercado ano a ano
O México, pela primeira vez, está ultrapassando o Brasil em exportações de suco concentrado de laranja para os Estados Unidos.
No início dos anos 90, as exportações brasileiras de suco para os Estados Unidos somavam 187 mil toneladas. As do México, 11 mil.
Na safra passada, os brasileiros colocaram 171 mil toneladas de suco concentrado e não concentrado no mercado americano. No mesmo período, os mexicanos colocaram 145 mil, segundo a CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos).
O México ganha mercado do Brasil nas exportações de suco concentrado, enquanto o Brasil ainda lidera nas vendas do não concentrado ou pasteurizado.
Neste último caso, os mexicanos não são competitivos devido à logística. Pagam US$ 200 por tonelada pelo transporte do produto, que é feito por caminhões. Já o produto brasileiro é exportado via navio, dando ao Brasil ganho de escala.
O México começou a avançar no mercado americano de suco após o Nafta, acordo comercial entre Canadá, Estados Unidos e México. Renovado, o acordo passou a ser denominado USMCA.
Sem tarifas nesses países, o suco mexicano concentrado ganhou competitividade. Já o brasileiro paga US$ 415 por tonelada que entra nos Estados Unidos. Isso representa próximo de 25% do valor do produto. O suco brasileiro não concentrado tem taxa de 3%.
As exportações mexicanas ganharam corpo após 2017, quando, pela primeira vez, superaram as 100 mil toneladas exportadas.
O furacão Irma provocou grande estrago nos pomares da Flórida naquele ano, e as estimativas eram de redução de produção por pelo menos cinco anos.
Com isso, as empresas americanas fizeram contratos antecipando compras no Brasil e no México por várias safras.
Ao contrário do que se imaginava, o desastre não ocorreu e a safra da Flórida se recuperou logo no ano seguinte. O mercado agora enfrenta uma boa safra de laranja no Brasil e nos Estados Unidos, mas uma quebra, devido ao clima, no México.
Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, afirma que o cenário para o médio prazo é muito perigoso.
Os estoques brasileiros estavam em 854 mil toneladas em dezembro último, 42% mais do que em igual período de 2018.
Já os estoques americanos subiram para 362 mil toneladas na safra passada, o maior volume em seis anos. E o consumo americano anual, um dos principias no mundo e que era de 1 milhão de toneladas no início dos anos 2000, está em 570 mil toneladas.
fonte: folha de sp
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