A preocupação com a segurança alimentar mundial é uma realidade que se faz cada vez mais presente em várias esferas da sociedade. Evitar o desabastecimento mundial é um dos principais desafios da agricultura. A irrigação entra nesse cenário como uma das principais aliadas para esse resolver este problema. A tecnologia possui benefícios que auxiliam na produção de alimentos em uma técnica que oferece a água necessária para desenvolvimento da cultura. Para lembrar da enorme importância desse recurso agrícola, nesta quarta-feira, 15 de junho, comemoramos o Dia da Agricultura Irrigada.
Cercada de mitos e desinformação, a irrigação é a tecnologia ideal para atender à demanda crescente de alimentos de forma sustentável. Afinal, todos regam uma planta em casa, ou o gramado, ou ainda utilizam flores e hortaliças que somente existem porque alguém regou ou irrigou. Portanto, precisamos usar o bem precioso da água com responsabilidade. Na verdade, é emprestar esta água, usar o mínimo possível e devolvê-la à natureza, que é o que acontece na prática.
O futuro na produção de alimentos para uma população mundial que só tende a crescer é o potencial de irrigação de áreas agrícolas, com planejamento, monitoramento e uma boa gestão da irrigação. Por meio dos vários métodos e sistemas de irrigação, é possível até mesmo realizar a nutrição da planta através da água.
A agricultura irrigada contribui para a manutenção acessível dos preços dos alimentos, pois permite a disponibilização deles durante todo o ano, evitando picos de inflação. O setor agrícola mundial produz cerca de 5,5 bilhões de toneladas de alimentos, sendo que apenas um quinto de toda a área produtiva utiliza algum sistema de irrigação. Esses 20% de área irrigada no mundo são responsáveis por 50% da produção mundial de alimentos. No Brasil, a área irrigada chega a 8% e é responsável por mais de 25% da produção de alimento no país.
Verdade sobre irrigação
Ao irrigar, a água é fornecida conforme necessário. A planta absorve uma pequena porcentagem do que se infiltra no solo, abaixo da zona radicular das plantas, alimentando aquíferos e nascentes que, por sua vez, formam os córregos que deságuam nos rios e mares. Como o solo é um filtro extremamente eficaz, o uso de da água residual da agricultura vem aumentando, comprovando mais uma vez a viabilidade de seu uso.
O manejo correto e criterioso torna possível a ampliação de uso desse recurso natural, tão importante para a manutenção da vida na terra. O Brasil ainda tem muito o que fazer e precisa aprender a compatibilizar o uso de seus recursos hídricos.
O engenheiro agrônomo, consultor em Manejo e Agrossistemas Tropicais Irrigados, José Roberto de Menezes afirma que medidas precisam ser adotadas para que novas áreas sejam liberadas, favorecendo o aumento da produção agrícola.
O Brasil possui mais água para a irrigação que terras disponíveis para a produção de alimentos. O país recebe 12,4% da água de chuva do planeta. Valores absolutos, que somados com as entradas de água de outros países (cordilheiras), ultrapassam 18%. Contudo, a área irrigada brasileira gira em torno de 7 milhões de hectares. Valores insignificantes, quando comparados com os 140 milhões de hectares de agricultura irrigada da Índia e China, países que juntos possuem 10,4% da água da Terra.
RENAI
Na quinta-feira (9) a Rede Nacional de Irrigantes (RENAI) foi oficializada em uma reunião em Brasília. O objetivo da nova entidade é representar o setor de irrigação e fazer a interlocução com diversos setores da sociedade.
A RENAI é uma entidade sem fins lucrativos, composta por 13 Associações de Irrigantes, 7 polos de Irrigação, 12 dos principais nichos da agricultura que dependem da irrigação e 6 das principais empresas de irrigação. Atualmente é constituída por 81 membros com representatividade no setor, espalhados estrategicamente pelo Brasil.
Feijão e Pulses
O Feijão e as demais Pulses – base alimentar de muitas culturas – também se beneficiam do sistema de irrigação. Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses, IBRAFE, destaca que o abastecimento do Brasil só ocorre de forma mais tranquila no segundo semestre, quando são colhidas as lavouras irrigadas no cerrado brasileiro. Os maiores problemas de abastecimento que temos tido são no primeiro semestre de cada ano, quando a colheita se dá em regiões que não dispõe de irrigação ou onde ela não se justifica devido a regime de chuvas. A produtividade alcança 3 vezes mais no sistema irrigado. Feijões se compram com os “olhos”, ou seja, a aparência leva o consumidor à compra e é embaixo de irrigação que se produz o Feijão com excelência na aparência, além dos quesitos nutricionais. Não menos importante gera empregos e renda, 2 a 6 empregos por hectare.
O potencial produtivo brasileiro para os Feijões e Pulses é capaz de atender à demanda global, gerando excedentes aqui do mercado nacional. A irrigação possibilita não só o aumento das áreas plantadas, mas também a disponibilidade de mais uma safra, que se torna fundamental para suprir o déficit alimentar que o mundo enfrenta.