Os números apresentados nos comitês de gestão de bacias hidrográficas não são tão animadores para a agropecuária. Os modelos discutidos apontam que o fenômeno La Niña se estende até maio, indicando um inverno de neutralidade climática, o que resulta em clima frio e seco; já o fenômeno El Niño só ganharia força após a metade da primavera de 2022.
Em fevereiro, ainda sob influência do La Niña, as chuvas foram irregulares, ficando levemente abaixo da média, combinadas com temperaturas elevadas, o que proporciona menos água armazenada no solo, causando prejuízo na safra 2021/22 e podendo prejudicar a safrinha de 2022. Para os meses de março e abril, os modelos apontam que no Paraná as chuvas serão ligeiramente abaixo da média, com temperaturas mais altas do que o normal.
O fato é que as chuvas serão irregulares durante todo o ano, com grandes volumes concentrados em pouco tempo, acarretando prejuízos às lavouras – pois mais importante do que ter volume de chuva é que esse volume seja bem distribuído durante a safra. Regiões do Estado que historicamente enfrentam problemas climáticos seguirão com este cenário pelo menos até o inverno. Os dados apontam uma conjuntura de fatores preocupante: aumento de temperatura e redução de chuvas.
O produtor rural e o técnico podem adotar práticas de manejo que reduzam os impactos da irregularidade da distribuição de chuvas. Basta observar que nos últimos anos a chuva tem diminuído e as perdas estão constantes. Nos últimos 20 anos, o Paraná perdeu pelo menos 40% do volume de chuva, isso encarece a produção agrícola e reduz o lucro do agricultor, além de tornar o produtor um refém do clima. Deve-se vencer a resistência à conservação de solo e adoção de técnicas que armazenem água no solo, assim como lançar mão do seguro agrícola. As práticas devem serem vistas como investimento e redução de danos, não como gasto.