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Fórum Florestal debate a "impacto" da pecuária nas mudanças climáticas

"Mudanças climáticas, o impacto vem da pecuária?" Este foi o tema central do 14º Fórum Florestal do Rio Grande do Sul, realizado na manhã desta quinta-feira (10), na 22ª Expodireto Cotrijal.

"Mudanças climáticas, o impacto vem da pecuária?" Este foi o tema central do 14º Fórum Florestal do Rio Grande do Sul, realizado na manhã desta quinta-feira (10), na 22ª Expodireto Cotrijal. Além de debater a questão, o evento indicou que a integração lavoura, pecuária e floresta pode ser a nova revolução do agronegócio brasileiro.
O fórum iniciou com a palestra da pesquisadora da Embrapa Florestas, Josiléia Zanatta. Em sua explanação, ela explicou que a intensificação do efeito estufa causa mudanças climáticas, sendo que os principais gases responsáveis são o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).


"Historicamente, o maior acumulado de emissões é oriundo de combustíveis fósseis. A questão do metano cresceu porque é um gás que tem vida curta na atmosfera. Enquanto o CO2 dura 100 anos na atmosfera, o metano dura entre dez e doze anos. A redução significativa de metano impactaria rapidamente na mudança climática. Em uma escala de alguns anos, já teríamos um resultado perceptível", explica Josiléia.


O metano é produzido pela ação de bactérias que se desenvolvem no rúmen dos animais. A maior parte do gás (entre 90% a 95%) é expelida por via oral, na forma de eructação (arrotos). Uma pequena porcentagem também sai via flatulência (5% a 10%).


Na palestra seguinte, a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, Marcia Cristina Teixeira da Silveira, explicou que adotar manejos mais eficientes de animal a pasto torna o sistema mais sustentável. Um exemplo é a carne carbono neutro (CCN), produzida em sistemas integrados com a presença de árvores plantadas, que são responsáveis pelo sequestro de carbono e possibilitam a neutralização da emissão de metano dos animais em pastejo, além de proporcionar conforto térmico ao gado. O foco do sistema é o componente florestal.


"Os resultados demonstram que é possível garantir produtividade por área, de forma a aumentar a lucratividade do produtor, sem abrir mão de ter cobertura do solo, que impactará na manutenção ou aumento de estoque do carbono do solo, mitigação da emissão de gases de efeito estufa, além de gerar um efeito poupa-terra", disse Cristina.


O fórum foi encerrado com a palestra do pesquisador da Embrapa Florestas, Vanderley Porfírio da Silva, que defendeu a aplicação da integração lavoura, pecuária e floresta. O sistema, multifuncional, possibilita intensificar a produção, pelo manejo integrado dos recursos naturais, evitando sua degradação. Também objetiva intensificar a produtividade e incrementar renda ao produtor.


"A integração lavoura, pecuária e floresta pode ser entendida como uma inovação porque modifica os atributos da produção agropecuária, com impacto na forma como ela é percebida pela sociedade. Requer mudanças na forma de produzir e introduzir um novo paradigma ao modelo de negócio vigente na agropecuária", avalia o pesquisador.


Outra vantagem do sistema integração é o fato de que as árvores podem ser madeiráveis, frutíferas, de outros produtos industriais não madeiráveis, forrageiras, ou de multipropósito. Ou seja, vários tipos de sistema de integração são possíveis.


Pecuária não é vilã


O fórum teve como moderadora a presidente da Associação Brasileira de Criadores de Devon e Bravon, Simone Bianchini. Ela considerou o evento esclarecedor àquelas pessoas que não vivem do agro e não conhecem como funciona a pecuária e o agronegócio brasileiro.


"A pecuária não é a vilã da emissão de gases que provocam o efeito estufa. A compensação do metano se dá, principalmente, pela integração do sistema lavoura pecuária, que sequestra o metano e contribui exatamente para o desempenho do boi", afirma Simone.

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