Um bombeiro que trabalhava em Santo Tomé, um dos departamentos de Corrientes mais afetados pelos incêndios, chorou em um vídeo ao ver a chuva cair na região. “Vamoooo!”, ele saudou. “Começou a chover aqui em Santo Tomé, chove aos cântaros. O meu telefone está molhado! Começou a chover família, começou a chover”, continua o homem com a voz embargada, com a emoção e a angústia contidas depois de tanto trabalho.
O vídeo tornou-se viral nas redes sociais da Argentina onde muitos partilharam as lágrimas do homem e aproveitaram para agradecer o trabalho das diferentes brigadas que combateram o incêndio. A emergência devido ao fogo em Corrientes, com estimativa oficial de 9 por cento da área provincial queimada pelo incêndio, foi aliviada nas últimas horas pelas chuvas registradas em várias localidades. O governador Gustavo Valdés indicou em mensagem no Twitter que já na manhã do domingo tinham sido registrada chuva no interior da província, nas zonas Norte, Centro e Sul, mas no fim do dia a instabilidade alcançou mais áreas. “Esperamos que o tempo continue nos ajudando “, disse o governador que percorreu ontem a cidade de Santo Tomé, onde trabalham bombeiros de Córdoba, Buenos Aires e do Brasil. Produtores florestais, pecuaristas, orizicultores, citricultores, apicultores, grandes, médios, pequenos e agricultores familiares, resumem a passagem do fogo que já devastou quase 800 mil hectares em Corrientes com as mesmas palavras: “catástrofe”, “tragédia”, “dor”, “impotência” e “desesperança”. Bombeiros militares do Rio Grande do Sul se deslocaram no fim de semana para a cidade de Santo Tomé, na divisa com São Borja, para auxiliar no combate ao incêndio florestal que atinge a província de Corrientes, na Argentina.
O embaixador da Argentina no Brasil registrou em suas redes sociais a ajuda oferecida pelo governo do Rio Grande do Sul. Dezoito integrantes da Força de Resposta Rápida (FR2) do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul foram designados para a ocorrência. A FR2 atua em missões de busca, salvamento e resgate em situações extremas, especialmente quando há condição climática adversa. O efetivo se deslocou para o país vizinho com três caminhões auto-bomba tanque e três picapes 4×4. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a Argentina em janeiro teve 7199 focos de calor, muitíssimo acima da média histórica mensal de 1648, valor que superou por ampla margem o recorde mensal anterior de 4624 de 2002. Neste mês de fevereiro, até o dia 20, os satélites do Inpe registraram 3647 focos de calor na Argentina, muito acima da média histórica de fevereiro de 1193 e o maior número no mês de toda a série histórica, batendo o recorde mensal de 2585 de 2003 mesmo a dez dias do mês terminar.